segunda-feira, 14 de novembro de 2011

                                                              Djalma José de Oliveira - Mestre de Guerreiro - Coruripe - Foto Neno Canuto.jpg


SAUDADES DO MESTRE DO GUERREIRO ALAGOANO



 Djalma José de Oliveira, Mestre Jayme, (in memoriam) foi mestre de guerreiro. Nasceu em Belo Jardim/PE, filho de José Germano de Oliveira e Angélica da Conceição. Mestre Jayme, como era conhecido, começou a dançar guerreiro com treze anos de idade, tendo como mestres Francisco Jupi  e João Inácio de Atalaia, seguido de Ismerita, de Murici.“A eles deve tudo o que sei, foram eles que me fizeram o mestre que sou hoje”, comentava com humildade Mestre Jaime. Mas, por trás do reconhecimento, existia um mestre Jaime muito vaidoso, não só do seu dom de rima mas no cuidado como a aparência. Sempre elegante, vestindo camisa de mangas compridas de cambraia de linho e calças social, nunca de chinelos, sempre de sapatos muito bem polidos. Isto quando não estava impecavelmente trajando sua indumentária de mestre de guerreiro e seu belíssimo chapéu, em forma de igreja, confeccionado por ele próprio.“Não tenho preguiça de nada, muito menos de cantar, sou bom na rima, no improviso e na memória. Não tem uma peça que eu já tenha cantado que tenha esquecido. A inspiração veio quando ouvi uma cantoria de vaqueiros que estavam tangendo os bois e cantando boiada, aí abriu a veia da poesia, a chave da minha cabeça e nunca mais fechou”.Sempre sorridente, dizia que quem dança guerreiro não pode ser triste. Fez de tudo um pouco quando era rapaz. Cantou com as baianas, fez emboladas, pagode, viola e guerreiro. E confessava: “É do guerreiro que eu gosto mais e foi com ele que fiquei”.Em Coruripe, onde residia, dançou no guerreiro “Águia Negra” e em Maceió é, durante muitos anos, mestre do guerreiro “Leão Devorador” fundado na Chão da Jaqueira pela amiga e comadre, mestra Vitória, no qual também dançava sua esposa, Dolores Gomes, como sereia, com quem esteve casado a mais de 30 anos e sempre fez questão de acompanhá-lo em suas andanças. Para ele a grande rainha de guerreiro que conheceu foi Maria Delmira e depois Maria Pinheiro, ambas de Rio Largo. Hiltom da Capela, o mais interessante dos palhaços , Verdelinho o melhor mateus, Maria das Dores a melhor Lira, Zé Índio o melhor índio de guerreiro, e completou: “um mestre para ser bom tem que saber as 25 partes do guerreiro e,  igual a mim, bom como eu, só o mestre Adelmo de Atalaia. Mestre Jaime era um poeta do cotidiano que narrava fatos ocorridos no dia a dia, como é o caso das peças que fez quando caiu um avião em Chã Preta, a enchente em Viçosa, a morte dos xangozeiros, um fato interessante que ocorreu em Juazeiro do Norte “quando o prefeito cortou um pé de pau que o Padre Cícero tinha plantado”, entre outros.

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