terça-feira, 4 de setembro de 2012


                                                 

   

 POETA JOAQUIM BATISTA DE SENA,UM CIENTISTA SOCIAL DO VERSO


  Ele foi um dos maiores expoentes da Literatura de Cordel,2012 é o ano do centenário do poeta paraibano Joaquim Batista de Sena,que nasceu no dia 21 de maio de 1912,em Fazenda Velha,Curimataú,do termo Bananeiras,hoje pertencente ao município de Solânea,no Agreste Paraibano. De uma família essencialmente de agricultores,os "Baraúnas",muito cedo trocou a enxada e o trabalho no sol escaldante,pelo cultivo da rica e exuberante poesia narrativa da Literatura de Cordel, "a mais bela de todas as poesias",na descrição do mestre Camara Cascudo.Sena,como a grande maioria dos meninos pobres que moravam nos sertões paraibano,andou completamente nú,até os sete anos de idade.Conforme um depoimento seu nos anos 60,acrescentando que nos sertões do Curimatau os meninos mais pobres ,já na puberdade,passavam a maior parte do tempo dentro de casa para esconder a nudez,ou acocorados em buracos que cavavam,chegando alguns deles a criar "encriquilamento" nas pernas.Pelo longo tempo que permaneciam  naquela posição. O poeta logo liberou-se dessa inusitada situação  e foi viver do verso do cordel nas  grandes cidades. Autodidata,adquiriu vasto conhecimento sobre cultura popular e era um defensor intransigente da poesia popular nordestina.Começou como cantador de viola,permaneceu  três anos neste oficio,no final da década de 30. Por mais de quatro décadas percorreu o sertão nordestino produzindo,imprimindo e revendendo seus folhetos. No início da década de 40,vendeu um sitio de sua propriedade e adquiriu sua primeira tipografia,que funcionou algum tempo na cidade de Guarabira,Paraiba,depois instalou o seu "quartel general"em Fortaleza .Na capital cearense,sua tipografia adotou o nome  " Graças Fátima".O poeta explicava a razão desse titulo:durante a passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima pelo nordeste,na década de 50.ele conseguiu ganhar muito dinheiro vendendo folhetos sobre a visita da santa,ampliando consideravelmente seus negócios.Por essa época,foi vitima de um naufrágio da Baia de Quebra-Potes(Maranhão).Salvou-se nadando,mas perdeu uma mala de folhetos,contendo diversos originais.Na Tipografia Graças Fátima  publicou  seus  próprios cordéis e também boa parte da criação literária de José Camelo Rezende,de quem adquiriu diversos originais.Romancista de primeira linha,Joaquim Batista de Sena era um grande poeta,de verve apurada e rico vocabulário,procurava seguir a mesma trilha deixada por Athayde,Camelo e Leandro Gomes de Barros e outros gênios da poesia popular. Conhecia bem os costumes,a flora,a fauna e a geografia nordestina,motivo pelo qual seus romances eram ricos em descrições dessa natureza.Pode-se dizer que com a sua morte,no início da década de 90,fechou-se o ciclo na poesia popular nordestina e o gênero "romance" perdeu um de seus maiores poetas.
Em 1973 vendeu sua gráfica e sua propriedade literária para Manoel Cabodo e Silva e tentou estabelecer-se no Rio de Janeiro,também no ramo de cordel,porém não foi bem sucedido.De volta ao Ceará,ainda editou alguns folhetos de sucesso.  Dentre as suas obras de maior aceitação popular,destacamos: A filha noiva do pai ou Amor culpa e perdão; A morte comanda o cangaço;As sete espadas de dores de Maria Santissima;Estória de Manoel Seguro e Manoel Xexeiro;História de João Mimoso e o castelo maldito;História de Braz e Anália;Os amores de |Chiquinha e as bravuras de Apolinário;História do assassino de Manoel Machado e a vingança do seu filho Samuel;História do principe João Corajoso e a Princesa do Reino Não-Vai-ninguém. 

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