quarta-feira, 7 de novembro de 2012





                                                ZAMBIAPUNGA


O termo tem origem,provavelmente,no nome do Deus supremo dos Candomblés,ou seja,Zamiapombo.É caracterizada pelo uso de búzios gigantes,enxadas e outras ferramentas agricolas,que são tocadas como instrumentos de percussão pelos componentes  Zambiapunga caracteriza-se,também,como um divertimento das pessoas envolvidas,que saem,de madrugada,com o intuito de acordar a população com sons dos instrumentos.Por quase quatro séculos a economia do Brasil colô,e posteriormente imperial,foi sustentada pela exploração da mão-de-obra escrava africana. Estes africanos foram trazidos à força para o novo mundo e, por não serem culturalmente homogêneos,trouxeram sua diversidade de linguistica,religiosa,social e politica para o Brasil, o que contribuiu decisivamente para nossa riqueza cultural.O Zambiapunga de Nilo Peçanha,é uma manifestação atual da cultura popular baiana cuja origem liga-se profundamente a aspectos culturais importados do continente negro. Zambiapunga é um grupo de homens mascarados que saem às ruas de Nilo Peçanha tradicionalmente na madrugada do 1º de novembro,dia de todos os santos,véspera de finados,vestindo roupas coloridas feitas com panos e papeis de seda e percutindo instrumentos peculiares como enxadas enxadas,cuícas rústicas,búzios e tambores. É provável que o Zambiapunga do baixo-sul baiano era ou integrava um ritual religioso de uma parcela dos africanos escravizados.Para entendermos esse aspecto é necessário  fazermos uma análise etimológica do termo "zambiapunga" e enumerarmos alguns aspectos da religiosidade dos povos cujo termo citado se liga:os Bantos. Zambi ou Nzambi-a-Mpungu é o deus supremo do povo bantos do Baixo Congo.A relação entre a palavra "zambiapunga" e o Deus supremo de africanos é a primeira evidência da origem religiosa do folguedo atual. Para compreendermos a segunda evidência da origem religiosa do Zambiapunga é necessário falarmos um pouco sobre os bantos e sua religiosidade. Os bantos,cujas línguas possuem uma origem e,por isso,o termo "Banto" delimita um grupo linguístico africano e não uma etnia,vivem em todo o território abaixo do equador. A data tradicional do Zambiapunga ir às ruas de Nilo Peçanha é a madrugada de 1º de novembro,dia de todos-os-santos e véspera de dia de finados.Nestes dois dias a população local volta sua atenção para a lembrança de seus mortos que são homenageados com flores ,velas e missas.Não existia momento mais propício do calendário católico para um cortejo que refletia uma religiosidade baseada na ancestralidade ir às ruas. Outra evidência do caráter religioso inicial do grupo é o significado do termo "Mpungu" de Nzambi-a-Mpungu. Segundo vocabulário por Aires Machado Filho e reproduzido por Nei Lopes,a palavra "Mpungu" é provavelmente sinônima de "defunto". Yeda Pessoa traduz,por sua vez,"nzambi" ampungu" como o grande espirito e "saami ampunga" como os grandes ancestrais. "Mpungu","ampungu" ou "anpumga" são palavras bantos que se refere aos mortos,aos antepassados,o que evidencia a relação da origem do Zambia APUNGA atual com a religiosidade Banto. Com o tempo o caráter religioso se perdeu e permaneceu uma bela manifestação da cultura popular. O Zambiapunga ficou inativo em Nilo Peçanha cerca de 20 anos(entre as décadas de 1960 e 1980) sendo revitalizado em 1982 pela professora Lili Camardelli e seus alunos do Ginásio de 1º Grau Adelaide Souza. Após essa revitalização o Zambiapunga nilopeçanhense  tornou-se uma das maiores manifestações folclóricas do Estado da Bahia.Sua importância é refletida na participação do grupo em eventos internacionais(ECO 92 e PERCPAN); por ter sido capa de periódicos internacionais(New York Times) e por ter sido tema de diversos documentários e programas de TV("Brasil Legal " ,produzido pela Rede Globo e exibido em 01/07/1997; "Caretas e Zambiapunga", produzido pelo IRDEB; "Nilo Peçanha e o Zambiapunga," produzido pela TV Salvador e exibido em maio de 2001; " Na Carona ", produzido pela Rede Bahia e exibido em 2001,entre outros.


Por  Alexandre Guimarães
                                                  a outra face     

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