terça-feira, 29 de janeiro de 2013





CANGACEIRO  JURITI


Manoel Pereira de Azevedo,esse era o nome de pia do cangaceiro Juriti,baiano  do povoado Salgado do Melão, Macururé,município situado no nordeste semi-árido do estado da Bahia, sertão do Raso da Catarina. Manoel chegou ainda muito jovem  no bando de Lampião,com o nome de guerra Juriti,porém o Rei do Cangaço,de imediato,batizou com alcunha de Maçarico,mas o recém chegado cangaceiro rejeita o novo nome por considerá-lo afeminado e impõe a sua vontade de permanecer sendo chamado de Juriti. O capitão Virgulino Ferreira, que sempre admirou homens de personalidade e temperamento fortes,não colocou obstáculo ao pleito do seu novo comandado e a partir daquele momento passaria para o esquecimento o nome  Manoel Pereira de Azevedo para surgir com todo fulgor,o destemido cangaceiro Juriti.
Um jovem louro,magro,gestos elegantes,cabelos lisos e comprido,de boas maneiras,gentil,apesar de perverso e genioso.Foi meteórica a fama que Juriti angariou pelos sertões.A fama de ser um cangaceiro que deixava as mocinhas sertanejas loucas de paixão e a de ser perverso ao extremo. As atrocidades do cangaceiro baiano não foram poucas e ficou  nos corações e mentes do povo do grande sertão.Juriti carregava em seu sentimento e sua alma um extremado pendor para brutais violência;cangaceiro de atitudes monstruosas sentia especial prazer em torturar e matar com requintes animalescos as infelizes vítimas que caiam em suas mãos,como aconteceu com João Machado Feitosa,o rapaz de Poço Redondo que ele após torturá-lo impiedosamente,o assassinou com uma punhalada em seu pescoço. Numa fatídica tarde de domingo na Fazenda Picos, o cangaceiro de Salgado do Melão raptou Maria, filha do vaqueiro Manoel Jerônimo e Aurea,irmã de Delfina da Fazenda Pedra d'água e levou consigo para ser sua companheira nas andanças pelo mundo do cangaço.A menina de Mané de Aurea  deixou seu lar ,seus pais e se jogou no mundo. Os seus sonhos e a sua ilusão era passar a viver nos braços do tão falado e comentado cabra de Lampião. Juriti e Maria sobreviveram ao massacre da gruta do Angico,em 28 de julho de 1938,em terras do estado de Sergipe.Mas a aventura do casal não sobreviveu a morte do rei do cangaço,com a  desintegração dos grupos,Juriti seguiu o caminho de muitos outros,após mandar sua Maria para a proteção do pai e a ajuda do amigo Rosalvo Marinho que a levaram para Jeremoabo,onde ela foi bem recebida e bem tratada pelo Capitão Aníbal Ferreira que deixando o pai surpreso e feliz liberou a sua filha para que com ela retornasse a sua casa e para o aconchego de sua família. Ainda mais,solicitou a ajuda de Maria,do pai e de Rosalvo Marinho para que ambos fizesse com que Juriti e seus companheiro viessem a se entregar. 
Juriti e Borboleta são convencidos pelo velho amigo da fazenda Pedra d'água e também seguem para Jeremoabo para se entregarem ao Capitão Aníbal. Recebem o mesmo tratamento que Maria recebeu.São liberados.Borboleta caiu na lapa do mundo e nunca mais se teve notícias dele.Talvez não esquecendo sua Maria,Juriti se demoram alguns dias  em Canindé Velho de baixo,porém no início de 1939 viaja para  Salvador a capital baiana. Na capital consegue trabalho digno como vigia de uma fábrica. Em 1941 é despedido do serviço e volta para o interior de Sergipe. É seu grande desejo visitar os amigos da Fazenda Pedra d'água,obter noticias de sua antiga companheira e voltar as raízes em Salgado do Melão. Chegou ao último porto do Baixo São Francisco em uma quarta-feira e seguiu para a fazenda de Rosalvo Marinho,onde dormiu.
O seu algoz Sargento Deluz foi avisado da presença do ex cangaceiro na casa do seu cunhado Rosalvo. O sentimento impiedoso do militar não perdoava ex cangaceiros. Juriti teria que pagar todos os atos de violência que praticou na vida do cangaço,e ele seria o juiz que iria condená-lo a morte.
Na manhã de quinta-feira,Juriti conversava com o amigo Rosalvo.Quando foram surpreendidos por Deluz e seus comandados com ordem de prisão a Juriti.O ex cangaceiro ainda sobre a mira das armas dos comandados de Deluz, desafia o militar o acusando de covarde.O militar mesmo sabendo que o ex cangaceiro já tinha em mãos ,a carta de soltura doada pelo capitão Aníbal Vicente Ferreira,comandante geral das forças de combate ao banditismo no nordeste,foi amarrado a uma corda e transportado  para Canindé. Ao chegar em uma comunidade chamada Roça da Velhinha,próximo a fazenda Cuiabá,o sargento,friamente,ordena que se faça uma fogueira e quando o fogo atinge altas chamas Juriti é jogado sem clemência no fogo. Em poucos minutos o cangaceiro de Salgado do Melão foi consumido pelo fogo da violência em que foi algoz e vítima pelo mundo do sertão nordestino.





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