domingo, 13 de janeiro de 2013






Ulisses Pereira Chaves

Ulisses Pereira Chaves é o ceramista homem mais conhecido do Vale do Jequitinhonha, MG, uma região onde a arte da cerâmica, em sua grande maioria, surge a partir de mãos femininas, como as de Izabel Mendes da CunhaZezinha,Irene Gomes e Noemisa. Ele nasceu em 1924 na localidade de Córrego Santo Antonio, município de Caraí. Ulisses foi um dos primeiros homens a se dedicar à arte da cerâmica no Vale do Jequitinhonha. Ele herdou essa tradição da mãe, Domingas Pereira do Santos, que era filha, neta e bisneta de paneleiras (no Vale do Jequitinhonha as paneleiras são mulheres que se dedicam à cerâmica utilitária). Em seu trabalho Ulisses manteve as mesmas técnicas de modelagem e pintura aprendidas com a mãe. Ele produziu ao longo de sua vida uma obra baseada na cerâmica escultórica antropozoomorfa de grande dimensão. Ulisses faleceu em 2006 aos 84 anos.
A obra de Ulisses foi descrita como expressionista, surrealista, mística, onírica, sobrenatural; dentre outras. Independente da classificação ela é única, original e colocou o nome de Ulisses entre os mais importantes escultores brasileiros do século XX. Suas peças eram confeccionadas com um barro rosa puro e os engobes nas cores vermelho e branco eram usados nos detalhes e grafismos da escultura. Ulisses era analfabeto e assinava suas peças grafando apenas UP. Na maioria delas misturava formas de gente com bichos: Figuras com várias cabeças, estranhos rostos e coisas do gênero, minotauros, lobisomens, pássaros com pés humanos, algumas chegando a medir 1 metro de altura. Os olhos, nas figuras de Ulisses, em forma de grãos de café são únicos entre as peças produzidas no Vale do Jequitinhonha. Segundo a professora e ceramista Lalada Dalglish, estes olhos, que já eram usados na cerâmica mesoamericana pré-colombiana, lembram também esculturas africanas, que é a origem direta da obra de Ulisses.
Os trabalhos de Ulisses integraram várias exposições no Brasil e no exterior, dentre elas a exposição “Brésil, Arts Populaires” (Grand Palais, Paris, 1987) e a Exposição Comemorativa aos 500 anos do Descobrimento do Brasil (São Paulo, 2000). Eles ainda podem ser encontrados em importantes museus e coleções particulares. No Rio de Janeiro, RJ no Museu Casa do Pontal e no Museu do Folclore Edison Carneiro. Em João Pessaa,PB no Centro Cultural de São Francisco.

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