Anadeje Morais perpetua a tradição do guerreiro Leão Devorador
A vida de Anadeje Morais se confunde com a trajetória do guerreiro Leão Devorador, do qual participa desde os 5 anos, incentivada pela mãe. Ela cresceu com o folguedo e perpetua o legado da Mestra Vitória e de José Tenório, idealizadores do guerreiro da Chã de Jaqueira. O trabalho persistente pela preservação do saber e da tradição popular foi reconhecido pelo Conselho Estadual da Cultura, que a escolheu como Mestra do Patrimônio Vivo de Alagoas.
O grupo de dona Anadeje conta com 30 participantes de diferentes faixas etárias, dos 10 aos 70 anos, misturando experiência de várias gerações. “Tudo começou como brincadeira, pois quando criança, não conseguimos perceber a grandiosidade do guerreiro. Hoje ele representa para mim um dos fatores mais importantes na minha vida, sinto-me realizada em cada apresentação, que são únicas”, disse a mestra Anadeje, traduzindo a grandeza de fazer parte da cultura popular.
Ela conta que as apresentações do folguedo se fortalecem no período entre agosto, quando se comemora o Dia do Folclore, e dezembro, com as festas de final de ano.
O Guerreiro Leão Devorador foi fundado em 1988 pelos mestres Vitória e José Tenório. Após o falecimento da mestra Vitória, sua filha, Anadeje, herdou o conhecimento e a disposição de repassá-lo às novas gerações, mantendo viva a tradição. Por isso, tornou-se Mestra do Patrimônio Vivo, que lhe garante 1,5 salário mínimo mensal para que fortaleça a transmissão do conhecimento.
“Com a chegada desse incentivo, poderei continuar com o guerreiro. Estava ficando difícil, pensei várias vezes em desistir, mas com o primeiro pagamento, providenciarei novas roupas e restaurarei as representações”, conta a mestra.
O guerreiro tem como característica a representação das igrejas nos chapéus dos brincantes e como principais personagens, o Índio Peri, a Lira, as Estrelas de Ouro e do Norte, reis e rainhas. Estes são alguns dos personagens marcantes do guerreiro, que se apresenta sob o comando do mestre e sua espada, dando movimento aos chapéus em forma de igreja enfeitados com fitas de cores diversas.
A indumentária é carregada de espelhos, miçangas, brilho, lantejoulas e cores. Os homens usam calções e meias brancas longas, imitando as roupas dos nobres e reis da corte e as mulheres usam vestidos com acessórios referentes a seus personagens.
Logo depois da reza do divino, no meio do espetáculo, acontece a luta de espadas entre os guerreiros. Este embate envolve sempre mestre e os embaixadores contra outros personagens como o Índio Peri. Tem pirueta, cambalhota e toda ação de uma boa luta de espadas.
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