quinta-feira, 30 de abril de 2015




                     Simião Martiniano


Quando Clara Angélica chegou até mim, com um roteiro que havia ganho o edital de curtas sobre um homem chamado Simião, eu nunca havia ouvido falar em Simião Martiniano.
A história de um camelô que produzia seus filmes em VHS com atores que eram ambulantes ou vindo de outras profissões como porteiros, lixeiros, policiais, era mesmo uma história incrível.

O Curta feito na época em 16 mm , foi pioneiro em ampliação para 35 e kinescospagem – era muito numa época em que a moviola e o 35 eram a regra única confiável. Poucos acreditavam que isso daria certo. Mas deu.
Recebi do melhor Engenheiro de som de SP, o prognóstico de que aquilo nunca daria certo. Quando deu, ele me ligou dizendo: seu filho nasceu muito saudável. Parabéns!
Durante muito tempo o Brasil inteiro me procurou para saber como usar essas técnicas. Respondia que com atrevimento e loucura, mas aconselhava procurar um laboratório em NY. O dólar nessa época era 1para 1 com o real. E no Brasil não existia ainda esse trabalho. Era isso que havíamos feito.
Nos atrevemos todos: Eu, Clara, Hilton e Mair Tavares deu a maior força. Ele gosta de pessoas atrevidas. E não havia atrevimento maior que o do nosso personagem. Nós fizemos jus a ele.
Esse foi o curta em que Hilton Lacerda estreou na direção e que há pouco dirigiu seu primeiro longa: o aclamado e belíssimo “Tatuagem”. Clara dividiu sua função, numa direção a quatro mãos, que deu no que deu.
Simião ganhou o mundo. E muitos e muitos prêmios nacionais e internacionais. Foi ao programo do Jô, na época em que o programa era “cult”. Tornou-se conhecido no Brasil e no mundo.

 Monica Lapa Moreira
O camelô e cineasta “super independente”, virou uma estrela com esse curta que nos deu muito orgulho de produzir.
Hoje, essa estrela foi brilhar no céu. Foi um prazer conhecê-lo, Sr Simião Martiniano.

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