quinta-feira, 18 de junho de 2015



                                                            José Heitor

José Heitor da Silva é um dos mais importantes e conhecidos escultores da zona da Mata Mineira, que em 2011 completou 50 anos de atividade artística. Ex-ferroviário, o mineiro de Além Paraíba, que além de escultor é poeta e restaurador, foi um dos primeiros artistas negros que tiveram suas obras integradas ao acervo do Museu de Arte Negra - MAN, criado por Abdias Nascimento no Rio de Janeiro em 1966. O talento de escultor foi descoberto em uma noite chuvosa quando ainda garoto, sozinho em sua casa, começou a fazer esculturas de crianças para lhe fazerem companhia e aplacarem o medo. Depois do ocorrido começou a se divertir esculpindo os amigos reais durante as brincadeiras, até que incentivado por uma professora, passou a aperfeiçoar os traços utilizando madeira. José Heitor desde então, constrói e reforma imagens sacras e imagens de personagens da cidade em tamanho natural como a famosa “Carijó”, esculpida por ocasião do centenário da cidade, em 1983.

Ainda muito jovem teve que “atravessar o Rio Paraíba” para ter seu trabalho reconhecido e foi em um posto de gasolina que viu sua arte ganhar o país através da BR-116. Contou que levava suas esculturas para expor no posto e lá ficava esperando que surgisse um apreciador. Rosário Fusco, poeta cataguasense e um dos criadores da Revista Verde, foi um dos que reconheceram o valor de sua arte ajudando a divulgá-la. Quando fala da comercialização de suas esculturas, José Heitor é enfático: “Minhas esculturas são como filhos tem valor, mas não tem preço. Então, quando exponho com o intuito de comercializá-las peço aos donos das galerias que deem os preços. Não posso vender meus filhos”.


Certa vez Abdias Nascimento escreveu sobre José Heitor: "...ele representa o autodidata e mágico criador; mais parece um artista transviado em Além Paraíba (Minas). Cada peça que esculpe tem o compromisso de ato litúrgico e de função comunitária. E geralmente realizadas em proporções monumentais, sobre um caminhão, no carnaval, suas esculturas passeiam processionalmente pelas ruas da cidadezinha, como parte integrante das escolas de samba. E no desfile, ao suor do artista, se somam à peça o pó, a luz, o calor, o cheiro e a alegria do seu grupo. Os "sonhos" de José Heitor se apóiam em rigoroso sentido de volume e mantêm o ritmo cruzado polimetria e polirritmia de que nos falam os estudiosos da arte africana. José Heitor trabalha o cedro, o vinhático e outras madeiras que seus amigos, sua tribo, lhe conseguem. Nunca visitou a África, nunca freqüentou escola ou meio artístico. Ele confirma outra frase de Mário Barata: '...de todo o continente americano só em nosso país se conservaram, de maneira evidente, as técnicas e concepções plásticas africanas."

Obras de José Heitor em exposição no Museu de Arte Negra - MAN no Rio de Janeiro

José Heitor tem obras hoje pertencentes aos acervos do Museu do Folclore - no Rio, do Museu de História e Ciências Naturais - de Além Paraíba, e de colecionadores particulares. Já participou de mostras e exposições em localidades da região, como Cataguases, Angustura, Volta Grande, Estrela Dalva, Pirapetinga e Além Paraíba - algumas das quais as mantêm expostas em logradouros públicos ou em templos religiosos.

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