sexta-feira, 10 de julho de 2015


Mestre Pancho: a história do"marujo" que mantém vivo o fandango no Pontal

Ele herdou do pai, o saudoso mestre Isaldino, o amor à tradição e em 2012 foi reconhecido como Patrimônio Vivo do estado.

Bárbara Pacheco

Reconhecido como Patrimônio Vivo de Alagoas em 2012, Ronaldo da Costa representa a quarta geração a comandar o Fandango do Pontal da Barra, folguedo de origem portuguesa existente na localidade desde 1930. Mestre Pancho,como é conhecido,herdou do pai, o saudoso Mestre Isaldino, o amor pela tradição e a vontade de preservar a cultura popular. A quarta reportagem da Série Mestre do saber mostra a história desse “marujo” que mantém vivo o Fandango no bairro.

No grupo conduzido por Pancho, formado por 37 pessoas, figuram personagens que fazem alusão à Marinha, com trajes específicos e indumentárias que remetem as tripulações de antigos navios de guerra. Os participantes entoam peças cantadas que narram a trajetória, repleta de aventuras, de uma nau perdida no mar.


“O Fandango alagoano que vive aqui no Pontal tem uma identidade própria, chegou de um jeito e logo foi se adaptando ao local, à cultura e ao povo”, explicou o mestre, que participou do folguedo pela primeira vez aos 13 anos como marujo.

Há quatro décadas,desde quando assumiu o comando do grupo a pedido dos moradores da regiao Mestre Pancho incluiu as mulheres no Fandango, antes com restrito aos homens. “Foi comigo que as mulheres começaram a participar da brincadeira. Não tinha sentido deixar elas de fora já que também podem entrar na Marinha”, justificou o mestre.

A consciência de que a ‘brincadeira’ faz parte das tradições da cultura popular alagoana e corresponde às raízes de identidade do Pontal, segundo Ronaldo, veio junto aos ensinamentos do pai e, hoje, refletem nos filhos e netos. A família está sempre presente no mundo do folguedo,todos sabem as canções e participam de tudo o que o envolve, como as apresentações, ensaios e fardamento.


Aposentado e com uma renda extra que vem da pesca e da bolsa vitalícia que recebe como estímulo pela atividade cultural.Mestre Pancho considera o Registro de Patrimônio Vivo “uma conquista para o estado. É importante  reconhecer as suas origens, os folguedos e o seu povo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário