segunda-feira, 14 de setembro de 2015


ciganosUm povo originalmente nômade que percorreu milhares de quilômetros pelo mundo e que também se estabeleceu em Pernambuco. A cultura cigana, que se formou na Índia há cerca de 1,5 mil anos, resiste no estado. As comunidades, conhecidas como ranchos, estão presentes em 21 municípios e são formadas por aproximadamente 20 mil ciganos.
Muitos dos que moram no estado preferem evitar ser conhecidos como parte da etnia, um reflexo do preconceito experimentado no cotidiano com a sociedade. Boatos como ciganos que roubam crianças ou realizam atos com intenção de ter vantagem sobre os outros fazem com que cada vez mais pessoas da comunidade prefiram pela invisibilidade social.
De acordo com Renato Athias, professor e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (Nepe), da Universidade Federal de Pernambuco, as tradições ciganas não perderam-se, mas sofreram modificações. A primeira delas aconteceu quando o sistema colonial português impôs o idioma luso como única língua em território brasileiro.
“A intervenção do português acabou extinguindo a possibilidade de povos como o guarani e o cigano manterem seus idiomas. Hoje o Romani, idioma tradicional do povo cigano, é reconhecido em países como Portugal, França e Itália. No Brasil, ainda não há esse reconhecimento”, cita o especialista. O idioma, no qual “love” significa “dinheiro” e “traio” é a tradução de “vida”, ainda é falado em 32 países da Europa.
Enildo Soares, 42 anos, comprova as transformações na cultura. Formado em educação física e atuando como professor de karatê, ele está à frente da Associação dos Ciganos de Pernambuco (Acipe). “Eu trabalho normalmente. No meu grupo não há problemas com o estudo do cigano ou sua profissionalização. Mas também mantenho muito da cultura tradicional. Meu filho de 19 anos vive dentro da convívio cigano”, contou.
Desde a adolescência Cristian Soares, 40 anos, casada há quase um ano com Enildo, ouvia dos amigos “Você parece uma cigana”. “Como alguns dizem não sou uma ‘cigana de sangue’, mas faço parte  do grupo”. Estudos internacionais estimam que haja de seis a 11 milhões de ciganos distribuídos pelo mundo. No Brasil, seriam 800 mil

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