domingo, 16 de abril de 2017


                                                                                        ROZE

“O canto da fome”.
“Uma catingueira, cantadeira que expressa todo o seu sentimento de mulher nordestina”.
“Ela canta como se tivesse com fome”.

Ela diz: “Não sou cantora, mas sim cantadora a que me guia é o meu próprio sentimento e uma voz que ouço dentro de mim; um canto agudo, afinadíssimo, que me instrui sobre a melhor forma de conduzir as palavras”

Cantora, (cantadora, cantadeira...) baiana de Tucano, Sertão de Canudos, possuidora de um estilo próprio no ato de interpretar as canções que lhe tocam a alma, declara-se guiada por uma voz afinadíssima que vara o silêncio de seu interior catingueiro, impulsionando-a a cantar: "O meu canto é uterino. A minha garganta apenas permite a passagem daquela voz que grita, lamenta e canta dentro de mim. Eu canto mesmo é pelo umbigo".


Arquiteta pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Roze iniciou suas apresentações públicas ao lado de Gereba no início da década de 70. Após várias participações em eventos no circuito universitário local e em teatros, estreou em disco participando do LP de Carlos Pita. "Águas de São Francisco", em 1979. Naquele ano, a convite da mesma gravadora, lançou o seu primeiro LP solo, o "Acorde", trazendo basicamente compositores inéditos baianos. Este LP teve seus destaques reproduzidos no compacto duplo "ROZE" em 1980, ano em que teve suas músicas incluídas no LP de Rolando Boldrim "Som Brasil", devido sua marcante presença no programa homônimo de rede nacional de televisão, e no LP da gravadora "Essas Mulheres", que reúne o melhor do "cast" feminino que por ela já passara. Tornou-se independente por vontade própria e produziu na Bahia o seu segundo LP solo "ROZE", lançado em 1984.

Roze tem ainda participado de outros Lps tais como o de Fábio Paes, "Pensando na Alegria" (1985), de Adelmo Oliveira e Augusto Vasconcelos, "Vertentes" (1988), de João Bá, "Carrancas" (1990) e no "CD" de Gereba, "Gereba Convida" (1993), gravou juntamente com outras intérpretes femininas do melhor da MPB. Roze tem sido também presença marcante em eventos culturais a exemplo dos promovidos anualmente pelo Movimento Popular e Histórico de Canudos, no sertão baiano.

No ano de 1997, na camemoração do 100 anos da Guerra de Canudos, Roze foi uma das participantes da semana cultural, juntamente com os cantadores Gereba, Dinho Oliveira, Zé Costa, Muskito, Joaquim, Wilson Aragão, Tato Lemos, promovidos pelo Movimento de Canudos nas cidades de Uauá, Monte Santo, Euclides da Cunha, Nova Canudos, Bendegó e Açude do Cocorobó. Nas 2ª e 3ª Cantoria de São Gabriel, Semana de Cultura Eunápolis, de Serrinha, Feiras dos Municípios, do Interior, em Salvador.


Em 1999 Em São Paulo, Roze participou do Projeto de Serenata na UMES, “Noites dos Grandes Autore”, com o apoio do Fundo Nacional da Cultura, é dirigido e apresentado pelo violonista, compositor e cantor Gereba, que divide o palco. Com participação no evento promovido pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia, “Sua Nota Vale um Show” em 16 de novembro de 2001, transmitido ao vivo e com exclusividade pela TV Educativa da Bahia, Roze juntamente com Carlos Pitta, Geraldo Azevedo, Zé Rodrix e Sá e Guarabira, com o espetáculo As vozes que cantam o São Francisco.

Roze, Carlos Pitta, Geraldo Azevedo, Zé Rodrix e Sá e Guarabira no show “As vozes que cantam o São Francisco” .


Seja na praça pública, em teatros, seja em Salvador, em São Paulo, no interior ou no exterior, Roze leva ao público seus autores preferidos: Elomar, Cândido de Jesus, Vital Farias, Carlos Pita, Gereba e Patinhas, Jorge Alfredo e Antônio Risério, Fábio Paes, Luiz Gonzaga, João do Vale, Geraldo Vandré e Roberto Carlos.

Texto de autoria de Telito Rodrigues, do seu livro Sertão Musa.

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