quarta-feira, 24 de maio de 2023

A VIDA APÓS O CANGAÇO

João Maria e Zé Rufino? Por Moisés Reis Em carta escrita pelo padre Renato Galvão no dia 4 de outubro de 1954 endereçada ao deputado João da Costa Pinto Dantas, encontramos o curioso dia em que João Maria de Oliveira, adversário político do padre naquela ocasião, quase precisou se entender com o famoso matador de cangaceiros, o tenente José Osório de Farias, conhecido com Zé Rufino.
Zé Rufino, em imagem de Thomas Farkas
Coronel João Maria de Carvalho Para entender o contexto, é preciso lembrar que naquele ano (1954) o cangaço já havia acabado e Zé Rufino gozava de enorme prestígio pelos seus feitos durante os tempos do combate ao banditismo. Naquela data, acontecia a eleição para prefeito de Cícero Dantas, pleito vencido por João Batista de Andrade Souza, da UDN com 1374 votos, e a seção eleitoral de Fátima, que funcionava no atual Colégio Estadual N. S de Fátima, era famosa pelas confusões entre os grupos políticos rivais. Sabendo disso, o Padre Renato buscou se precaver e solicitou junto às autoridades a presença de ninguém menos que Zé Rufino, a fim de garantir que os trabalhos corressem dentro da normalidade. Acontece que o famoso oficial, por alguma razão, não atendeu ao chamado do Padre e a problemática seção eleitoral ficou sem a autoridade policial desejada pelo vigário.
O que se segue, de acordo com o relato do religioso na dita carta é um caos promovido pelo então soldado João Maria e um certo subdelegado João Neves. Ainda de acordo com o relato da carta, Dona Ludi era a presidente da mesa e João Maria teria usado isso em seu favor, coagindo eleitores adversários e espalhando boatos de pânico provocado o retorno antecipado de eleitores que não votaram. Eram 600 votantes naquela seção que, devido aos contratempos provocados por João Maria e o Subdelegado, tiveram apenas três horas para concluírem a votação em cédula da época o que, naturalmente, provocou alta abstenção em uma seção que tinha muito mais votos para o candidato do Padre. Diante disso, O vigário finaliza a carta pedindo a intervenção do deputado no sentido de anular a votação e realizar novo pleito. O fato a ser registrado aqui é um quase encontro entre a mais famosa liderança política de Fátima e um personagem importante da história do cangaço. Encontro que só não aconteceu (ao menos não dessa vez) pela ausência de Zé Rufino. Obviamente esse texto não visa atacar a imagem de nenhum dos personagens envolvidos nessa história, o que busco, tão somente, é trazer o relato aos leitores do blog e deixar o registro de mais um episódio da nossa história. Pescado em Blog História de Fátima Postado por Kiko Monteiro às 11:47 Nenhum comentário: Enviar por e-mail Postar no blog! Compartilhar no Twitter Compartilhar no Facebook Compartilhar com o Pinterest Marcadores: A vida após o cangaço, Bahia, Cícero Dantas/BA, João Maria de Carvalho, Zé Rufino

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