sexta-feira, 12 de setembro de 2014




Após estrear filme, Alceu Valença lança DVD sinfônico 'Valencianas'
Cada vez mais multimídia, cantor pernambucano finaliza ainda livro de poesia que lançará em Portugal
 No interior do agreste pernambucano, na cidade de São Bento do Una, nos anos 1950, um menino teve seu primeiro contato com a música. E essa aproximação ocorreu não com os registros sonoros gravados em disco, mas através da melodia viva da rua. Os cantos e cantigas do sertão — a voz dos cordelistas, dos aboiadores, dos cantadores — se tornariam a força motriz responsável por forjar a obra de um dos artistas mais conhecidos do Brasil.
— Era o som do povo. Luiz Gonzaga, quando entra na minha formação, já era um reflexo do som secular que eu estava ouvindo — conta Alceu Valença.
Seis décadas depois, suas canções, nascidas da caldeirada musical que o nutriu na infância, sai do descompromisso das praças para a solenidade de um palco de concerto. Lançados recentemente, o CD e o DVD “Valencianas” (Deckdisc), gravados ao vivo, com a Orquestra de Ouro Preto, no Grande Teatro do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, apresentam um resumo de seu repertório em roupagem orquestral.
— Se pensarmos na formação do músico de concerto, estamos acostumados com a escola europeia de aprendizagem. Se você pega uma música e fala que é um allegro, ele vai entender. Se falarmos que é um maracatu, já não pega de primeira — explica o regente da orquestra, Rodrigo Toffolo. — O Alceu trouxe uma série de ritmos e uma brasilidade muito fortes. E essa é uma contribuição muito importante na formação dos músicos.
Apesar da união entre música erudita e popular não ser novidade, o desafio do projeto está justamente na multiplicidade do cancioneiro de Alceu, que desfila por frevo, maracatu, xote e até bossa. Assim, 40 anos de carreira se transformam em 14 faixas, que abrangem números como “La belle de jour”, “Ladeiras”, “Sete desejos” e “Tropicana”. Uma delas, a suíte de três movimentos “Abertura Valenciana”, escrita pelo violinista Mateus Freire — que escreveu todos os arranjos do disco —, é prelúdio para a entrada no mundo do cantor.
— O Mateus é um compositor paraibano de 27 anos. Ele cresceu nessa veia armorial. A construção é um passeio por vários gêneros, e explode no final com a melodia de “Anunciação” — diz Toffolo.
Além dos 30 músicos da orquestra, Alceu foi acompanhado por uma banda formada por baixo elétrico, bateria, guitarra e percussão. A receita sonora ainda tem rabeca, sanfona, triângulo, copos de cristal e um serrote.
— A grande inovação das valencianas é a inversão da estrutura. Quem comanda as ações é a orquestra, não a banda — conta Toffolo. — Alceu era o solista, como um violinista ou pianista.
Para Alceu, essa confluência de timbres e sons foi um processo bastante natural.
— Esses instrumentos estavam todos em meu universo. O berimbau pernambucano, que é o berimbau de bacia, e a rabeca. O primo de meu avô, tio Juventino, tocava sanfona de oito baixos. E quando alguém toca esse tipo de sanfona, outra pessoa toca a zabumba — explica o cantor.
“O poeta da madrugada”
Em um ano cheio de lançamentos — o disco carnavalesco “Amigo da arte”, a estreia como cineasta com “A luneta do tempo”, no Festival de Gramado, e o primeiro single do projeto “As estações de Alceu Valença” —, o músico não para com “Valencianas”. Em agosto, fechou contrato com a editora portuguesa Chiado para lançar seu primeiro livro, com o título provisório de “O poeta da madrugada”, em Portugal (ainda sem previsão para lançar ao Brasil).
— O livro deve sair lá em janeiro. A ideia é colocar versos que escrevi no sertão, em Recife... Tem poemas que fiz para as cidades, além de letras de músicas — diz.
Aos 68 anos, aposentadoria é uma palavra distante para Alceu.
— Artista não se aposenta porque o palco é vitamina e analgésico.


quinta-feira, 11 de setembro de 2014




                    VAQUEIRO CAJUEIRO

Cajueiro pegue aqui na minha mão
já vesti couro, perneira, chapéu, gibão
eu bem montado também
já dei queda em gado
e hoje vivo apaixonado por mulher do cabelão...
Esse é o vaqueiro Cajueiro. Tem mais de 80 anos e ainda trabalha na lida do campo. Segundo ele, ainda namora que só a gôta. Vive no sertão do Moxotó, na cidade de Custódia. Um sertanejo desses bem humorado e cheio de histórias...

quarta-feira, 10 de setembro de 2014



A pedra da Loca - a caverna onde Zabé viveu por muitos anos - há controvérsias: alguns falam de 25 anos, mas o povo local acredita que Zabé tenha ficado por lá por mais de 40 anos



Zabé e seu super prazer: pitar o cigarrinho

Casa no assentamento Santa Catarina - Monteiro, PB

O Sertao

Recortando Zabé

"A risada da Zabé fashion


O inseparavel pifano
Zabe no forro

Lage da Moça - seu João de Amélia toca seu "realejo"
Filmagem seu João de Amélia na Lage da Moça

                                             visita a Loca - sendo carregada, como uma rainha - a Rainha do Pife!!!


Fotos da curadora Carla Joner, durante filmagem do documentário "sob o céu de Zabé", assentamento Santa Catarina - Monteiro, sertão da Paraíba










segunda-feira, 8 de setembro de 2014




Na sede do Caboclinho 7 Flexas do Recife, localizada no bairro de Água Fria,Zona Norte da Veneza Americana, a noite deste domingo (7/9), foi de grande festa! A partir das 20h, aconteceu solenidade pelos 42 anos de fundação do grupo, com apresentação especial que homenageia o seu presidente, Mestre Alfaiate, o qual também comemorou 90 anos de idade.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014




Roliude que nada!

A industria cinematográfica do Cariri paraibano da de dez...
Próxima segunda já esta a venda no Museu Arnaldo Lafayette, vizinho aos correios o DVD da Botija Desencantada. Comprem o original só assim você nos ajuda a dar continuidade ao nosso trabalho e a nossa cultura.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014



 Festival Pernambuco Nação Cultural - 15ª Festa das Dálias.

Marcelo Jeneci e Maciel Melo são algumas atrações já confirmadas no festival que acontece entre os dias 09 e 14 de setembro, o Festival Pernambuco Nacao Cultural vai ofertar diversas atividades gratuitas, entre oficinas, espetáculos de artes cênicas, ações de cultura popular, cinema, fotografia e música. 



De fato, as riquezas da região da bacia do rio São Francisco encantam e estimulam a criatividade de roteiristas e escritores. Temos visto frequentemente produções de qualidade como filmes nacionais, documentários, minissérie e novelas, utilizando essa região importante que margeia o Velho Chico.
Nesse contexto, o Vale do São Francisco será mais uma vez cenário, desta vez de cenas cinematográficas, para as gravações do filme nacional Língua Seca. O filme será produzido nas cidades do sertão nordestino, mais precisamente em Juazeiro, Petrolina e Sobradinho, e contará com os atores Cauã Reymond e Sophie Charlotte como protagonistas.
A trama conta a história de um lugar deserto onde, há muitos anos, não chove com frequência. Então um grupo de cangaceiros acaba fazendo um pacto para conseguir a única solução para o problema: encontrar uma santa que faz o milagre de chover.
Em agosto, se reuniram os representantes das cidades de Prefeitura e Juazeiro, além dos principais envolvidos na produção e nos processos, para a apresentação do roteiro do filme.Língua Seca tem previsão de estreia estréia para novembro ainda deste ano.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014


Poetas do Repente João Paraibano e Sebastião Dias A POESIA.wmv






            Nota de Pesar | João Paraibano

“Estou ficando cansado / o corpo sem energia / Jesus pintou meu cabelo / no final da boemia / pintou mas nem perguntou / qual era a cor que eu queria!”. A poesia nordestina entra de luto nesta terça-feira (2) com a morte do poeta João Pereira da Luz, mais conhecido como João Paraibano, aos 62 anos. A causa da morte foi uma infecção generalizada, decorrente de um atropelamento por moto sofrido pelo poeta no último dia 3 de agosto.

“Perdemos grandes nomes da nossa cultura este ano. Para conviver com essas faltas, só mesmo engrandecendo e elevando cada vez mais o que os mestres nos deixam. Que a poesia de João Paraibano esteja sempre entre nós”, diz o secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelo Canuto.

Reconhecido como um dos maiores repentistas do país, João nasceu na cidade paraibana de Princesa Isabel, mas vivia há muitos anos em Afogados da Ingazeira, localizada no Sertão do Pajeú Pernambucano. Dos 62 anos de vida, 40 foram dedicados à poesia e à cantoria nordestina. Um trabalho que influenciou diversos outros grupos artísticos, a exemplo da extinta banda Cordel do Fogo Encantando, que na música Chover (ou Invocação Para Um Dia Líquido) fez uma adaptação com uma das poesias de João Paraíbano, a qual diz “Quando esbalda o nevoeiro / rasga-se a nuvem, a água rola / um sapo vomita espuma / onde o boi passa se atola / e a fartura esconde o saco / que a fome pedia esmola”.



                    Orquestra Retratos


A Orquestra Pernambucana de Cordas Retratos encerra a turnê nordestina nesta quarta-feira (03), às 21h, no Teatro de Santa Isabel. O concerto presta homenagem ao escritor Ariano Suassuna com repertório de composições autorais e músicas de Paulo Arruda (“Pitombando” no baião), Edson Rodrigues (“Urubuvispando”), Cláudio Almeida ( “Ororubá”), entre outros. A entrada é gratuita. A orquestra já passou por João Pessoa (PB), Natal (RN) e Fortaleza (CE). A turnê tem o incentivo do Governo de Pernambuco, por meio do Funcultura.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Mestra Anézia é considerada uma lenda de Santa Luzia do Norte

Se tem uma personalidade que encarna fielmente a honraria de ser um Registro do Patrimônio Vivo das Alagoas, essa pessoa se chama Anézia Maria da Conceição,que nasceu no dia 5 de maio de 1909,no povoado Apolonia,municipio de Satuba,estado de Alagoas. Do alto dos inacreditáveis 109 anos de idade, já é considerada uma lenda no mais populoso bairro da pequena cidade de Santa Luzia do Norte, a 63 km de Maceió.  

O Registro do Patrimônio Vivo é uma iniciativa do governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), destinado ao reconhecimento da produção, preservação de aspectos da cultura tradicional ou popular que atue nas áreas das danças, folguedos, literatura oral, escrita, gastronomia, música, teatro e artesanato, entre outras.
Mesmo sem enxergar e andar, mas absolutamente lúcida e de bom-humor, dona Anézia é a rezadeira mais famosa e a primeira parteira de Santa Luzia do Norte. “A grande maioria do povo acima dos 30 anos aqui do bairro do Quilombo nasceu pelas mãos de mamãe”, atesta a filha da mestra, Maria Anunciada Silvestre.

A mestra Anézia é reverenciada como autoridade no bairro Quilombo, o mais popular da cidade. “Sempre que alguém precisa de alguma oração ou reza,” procura a mamãe”, completa Anunciada. 

Com sua simplicidade e sob olhar atento de todos, a mestra vive quase sempre cercada pelo carinho da filha, dos 30 netos, dos 51 bisnetos e dos moradores que visitam a benzedeira em busca de suas palavras de fé.

Católica fervorosa, essa mulher centenária nascida no Engenho da Passagem, na cidade de Atalaia, tem sempre à mão seu inseparável rosário e, na boca, palavras de amor e conforto.

Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Livramento, Nossa Senhora do Desterro e, claro, Santa Luzia, fazem parte constante de seu rito a qualquer cristão que queira uma reza para amenizar as agruras da vida. “Deus me mandou ao mundo lá no Engenho da Passagem, em Atalaia, meu filho!”, relembra.

Para a cura, utiliza plantas como peão roxo, vassourinha e jurema. O ritual quase sempre é aberto com um “rosário apressado”, em que balbucia dizeres, em um mistério que só ela e Deus podem decifrar. “Isso é muita fé e tradição, meu filho!”, explica dona Anézia.    

A parteira  

A mestra Anézia conta como sua intuição atuava, quando alguma mulher estava para “descansar” (dar à luz). “Olhe, meu filho, eu sempre era avisada em sonho”, conta a agora ex-parteira, que deixou esse ofício há mais de 25 anos e se dedica agora somente à reza.
A mais fiel herdeira da cultura dos quilombolas e das heranças vindas da Mãe África na cidade, mulher conhecida por rezar para quebranto e ventre caído, entre outros males, completou 109 anos no dia 5 de maio.

Seu trabalho como rezadeira se iniciou quando tinha apenas 10 anos. “Via meu pai rezar e achava bonito”, relata a descendente de escravos.

Sobre a missão de ajudar as mulheres a “descansar”, ela diz que tinha apenas 15 anos, ao observar o trabalho de uma senhora. A primeira experiência foi quando uma  gestante não teve tempo de chamar uma parteira e ela mesma deu conta do recado e fez seu primeiro parto com orientação da própria gestante. “Quando o marido chegou com a parteira, o bebê já estava limpo e nos braços da mãe. A partir daí, ela não deixou mais de fazer partos”, comenta a filha, Anunciada. “Graças a Deus, nunca deu complicações nos partos que fiz. Nunca ninguém morreu na minha mão”, afirma, feliz, a mestra Anézia da Conceição.