sexta-feira, 29 de janeiro de 2010















Do gosto para o desgosto, O quadro é bem diferente, Ser moço é ser sol nascente, Ser velho é ser um sol-posto, Pelas rugas do meu rosto, O que eu fui, hoje não sou, Ontem estive, hoje não estou, Que o sol ao nascer fulgura, Mas ao se por deixa escura, A parte que iluminou.
Lourival Batista

LOURO DO PAJEÚ-FARAÓ CABRA DA PESTE-(SEGUNDA PARTE DA HISTÓRIA)

Casado com Helena, filha de Dona Isabel e Antonio Marinho, a Águia do Sertão. Sendo mais bela, mais forte e mais corajosa do que a grega, por causa de quem houve a famosa guerra de Tróia. Mas por causa da Helena escolhida por Louro, guerra não houve, mas paz, amor e poesia, muita poesia. Da união, à luz vieram 8 filhos, sendo 4 mulheres e 4 homens que, com o sangue de artistas correndo-lhes nas veias, não poderia ser diferente. São extensões artístico-helênicas de Louro, que multiplicaram-lhes e multiplicaram-se. Lourival Batista Patriota encantou-se no dia 05 de dezembro de 1992, aos setenta e sete anos. Do céu, caía uma chuva de pétalas brancas, novamente a noite virou dia e o dia virou noite. Sobre a cidade do Recife, Pernambuco, o arco-íris, um coro de anjos que era regido por um outro, trajado de vaqueiro tipicamente encourado. Chapéu, gibão, para-peito, luvas contra os espinhos dos xiquexiques da vida (mesmo sendo vida de anjo), perneiras, alpercatas de rabicho, no lado direito um alforje com rapadura, farinha, sal, carne seca. Do lado oposto, enrolado um comprido laço de couro e um cantil com água fria. Estrelas desenhadas no gibão, brilhavam, confundindo-se com as do céu. Ladeava-lhe um lindo cavalo alado, de crina amarela como ouro. Bem paramentado. Completo em sela, estribos reluzentes e demais arreios. Uma manta de couro, recoberta de estrelas de prata sobre o peito, descendo-lhe até os joelhos dava-lhe um ar imponente. Pequeno intervalo e sobressaiu-se o anjo-regente improvisando, solou um aboio em septilhas:
Que não fique a terra triste/Porque o céu está em festa/Daqui tudo que existe/Amar é o que nos resta/Lourival foi convidado/Porque é nome consagrado/É Jesus quem diz e atesta
Lourival está partindo/Mas vai deixando alegria/Vai juntar-se a mais poetas/No céu vai ter cantoria/Deixa seu nome gravado/Em cada mourão fincado/No reino da poesia
As mágicas violas tocavam. A música era de paz. Os vaga-lumes voltaram a acender suas “lanternas”, as pétalas brancas que caíam do céu formavam um caminho, sobre o qual, lentamente, com um suave sorriso no rosto, o grande Louro do Pajeú, com seus cabelos brancos como o algodão das nuvens, lembrando os bons tempos do ouro branco do sertão, acenava para todos, enquanto caminhava em direção a um grande e iluminado portal, onde foi recebido ao som de trombetas angelicais. De repente, silêncio total e um choro coletivo ecoou em uníssono: O choro de todos os poetas do planeta terra. Depois compreendemos. Era tempo de retribuição. Um presente da terra para o céu, que estava em festa pela sua chegada a fim de preparar-lhe para uma nova missão. Daquelas que não basta ser anjo, profeta ou poeta para cumprir com êxito. Tem que ser especial. Por isso não morre jamais. O que justifica o adágio: “Poeta não morre. Tem encantamento.” AGORA TÃO DE REPENTE SE IMPROVISA EM OUTRO REINO UM FARAÓ DO REPENTE.

Texto adaptado por: Rosemary Borges Xavier-D.C-Cajueiro-Recife-Pernambuco

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