quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

















A FESTA DOS CABOCLINHOS NO CARNAVAL

Manifestação popular, originária da mescla indígena, os caboclinhos expressam um forte sentimento nativista. A religião está presente na manifestação por meio dos cultos indígenas, a pajelança, religião dos antepassados. É na Jurema ou Catimbó, como é popularmente conhecida, onde atua a maioria dos mestres e caboclos. Alguns grupos diferem desta linha, cultuando religiões afro-brasileiras, ligadas a terreiros de Xangô e Umbanda. A apresentação normalmente inicia com o porta-estandarte (podendo haver mais de um), seguido de dois cordões de caboclos e caboclas. No centro o cacique (também chamado de rei, é responsável pelas coreografias) e a cacica (rainha ou mãe da tribo). O desfile também conta com a presença do Pajé (ou curandeiro, orientador espiritual do grupo); Matruá (representa um feiticeiro); Capitão (chefe de uma das alas); Tenente (chefe da outra ala); Perós (crianças da tribo) e dos caboclos de baque. As danças ou evoluções variam de um grupo para outro. Geralmente ocorrem em duas fileiras (cordões), podem trazer alas, com coreografias que representam situações criadas e recriadas pelos mestres e brincantes. De maneira geral, evoluem com agilidade, agacham-se, levantam-se e rodopiam nas pontas dos pés e calcanhares, em três momentos específicos: Guerra, Baião e Perré, determinados pela mudança do ritmo. Alguns grupos também apresentam o Toré ou Macumba, o Traidor (marcando o ritmo, destaque das preacas), preacas são uma espécie de arco e flecha de madeira, que as moças conduzem, ficam presas, e quando puxadas, produzem um estalido seco, a Emboscada (disputa de dois grupos) e Aldeia (dança em círculo). A indumentária é composta por atacas (de pé e mão), saiotes e tangas, e confeccionada com penas (de ema e de outras aves), lantejoulas, contas, búzios, espelhos, vidrilhos, cordas e sementes. Os adereços de cabeça são bastante diversificados: cocares, capacetes, cabeleiras, diademas, girassóis e leques, decorados com penas e lantejoulas. Apresentam-se descalços. O baque é composto por caracaxás (maracás ou exeres), surdo e inúbia (flauta ou gaita), podendo haver atabaque e caixa. As músicas normalmente são instrumentais, havendo grupos que recitam versos ou loas. São algumas características essenciais do Caboclinho: a dança guerreira, o cunho religioso propiciatório de boa colheita ou caçada, a recitação de versos heróico-nativistas etc. Tradicionalmente os Caboclinhos têm feito suas apresentações no Recife, em Olinda, Nazaré da Mata, Carpina, Tracunhaém, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Paudalho, todas estas cidades são em Pernambuco mas também se apresentam nos estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Musicalmente, mantém forte ligação com os cultos de origem indígenas e é possível reconhecer elementos orientais (indu, chinês, árabe, ameríndio, incaico), sem nenhuma referência européia, presente na maioria dos outros folguedos. Sendo este mais um elemento da cultura popular nordestina, vale ressaltar a importância de se manter presente este folguedo, como forma de não deixar que a raiz pare de rebrotar, portanto, vamos à festa dos caboclinhos.


Rosemary Borges Xavier-2010-D.C-Cajueiro-Recife-Pernambuco

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