quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010




















MARACATU CORAÇÃO NAZARENO, A ROSA DO MARACATU
A Cultura do Maracatu de Baque Solto, só existe no Brasil. E é encontrada apenas no Estado de Pernambuco, mais precisamente na Zona da Mata. Porém a Zona da Mata Norte é a que detém um quantitativo maior destes grupos culturais. Quando partimos para Nazaré da Mata que é o município onde hoje tem o maior número de agremiações, um maracatu vem se destacando em vários espaços do Estado e também na mídia nacional e internacional. É o MARACATU DE BAQUE SOLTO CORAÇÃO NAZARENO. Este tem um diferencial dos demais, por ser formado unicamente por mulheres das faixas etárias, dos 07 aos 68 anos de idade. São mulheres que veem na expressão cultural uma oportunidade de garantir a continuidade deste folguedo popular para as novas gerações, além de estar em possibilidade a formação de agentes culturais. Através das oficinas de artes as mulheres confeccionam toda a indumentária e adornos necessários para o desfile do maracatu. É ao pregar as lantejoula que as mulheres discutem os motes a serem cantados nas apresentações. As principais temáticas escolhidas são “loas” que levem o público a refletir através de versos que falem de cidadania, gênero e violência. O Maracatu Coração Nazareno é umas das formas que a AMUNAM (ASSOCIAÇÃO DAS MULHERES DE NAZARÉ DA MATA) encontrou para levar a delicadeza, a leveza, feminilidade e a fortaleza da mulher a um ambiente formado prioritariamente por homens. Através da Associação a tradição foi quebrada. Elas queriam cantar, tocar, fazer as evoluções e vestir as roupas exuberantes do caboclo de lança e, principalmente, diminuir o preconceito social tanto sobre o maracatu quanto sobre o espaço da mulher nessa brincadeira. A idéia surgiu em 08 de março de 2004, dia internacional da mulher. Assim, o grupo pioneiro na luta pelos direitos da mulher, tornou-se pioneiro na cultura de Pernambuco. A presidente da instituição, Eliane Ferreira, lançou a idéia que foi rapidamente aceita pela associação de mulheres que definiu que iria formar um Maracatu 100% feminino. “Maracatu Coração Nazareno”, nome encontrado para traduzir a afetividade diferenciada que constituiria esse maracatu rural. Para a coordenadora do Maracatu, Marinalva Isabel, participar do grupo representa para ela alegria, virtude e entusiasmo. Com atuação através destes projetos sociais temos conseguido minimizar os índices de violência sexual e doméstica, drogas, prostituição infanto-juvenil. Incentivar o vínculo familiar estimulando a formação de cidadãs com consciência crítica para a discussão de políticas públicas e possibilitar uma formação para iniciação profissional, a fim de contribuir com o orçamento doméstico, seja confeccionando indumentárias, seja através dos cachês das apresentações artísticas. O Maracatu Coração Nazareno, teve sua primeira apresentação em 2005, no Encontro de Maracatus na Cidade Tabajara em Olinda. Vestir o surrão e a gola e desfilar de caboclo de lança foi o que atraiu Gil ao Maracatu Coração Nazareno. Não havia mais vestimentas de caboclo e a então baiana do Leão Formoso de Nazaré da Mata tornou-se Bandeirista (responsável por carregar a Bandeira -estandarte do grupo). No ano seguinte, seu destino no maracatu mudou, mudando também seu próprio nome: assumiu o vocal do grupo e passou a ser conhecida como Mestra Gil. Os versos da mestra refletem sua própria experiência pessoal. Quando era a baiana Givanilda Maria da Silva do Maracatu Leão Formoso, o sonho de cantar maracatu parecia inalcançável para uma mulher. Em 4 anos, ela não só aprendeu a cantar como já gravou seu primeiro CD. A produção e lançamento do CD Coração Nazareno integra as atividades do projeto A ROSA DO MARACATU, produzido por Afonso Oliveira e aprovado pelo funcultura 2007, com o objetivo de apoiar e dar maior estrutura e visibilidade ao projeto cultural da AMUNAM. Como parte do projeto, o grupo participou de oficinas com outros mestres de maracatu para aprimorar seu conhecimento sobre essa arte, produzir novas vestimentas e adquiriu seus próprios instrumentos musicais – inclusive os de sopro, o que poucos maracatus possuem, tendo que recorrer à contratação de músicos. Assim, o grupo cresceu, sendo composto por 60 integrantes, dos quais 16 são caboclos de lança. O crescimento do maracatu teve uma conquista não planejada: está atraindo mulheres de todas as idades para a Associação. As músicas, que foram compostas por Mestra Gil em parceria com Mestre João Paulo e Mestre Antônio Roberto, têm como tema problemas sociais, questões de conscientização dos direitos sexuais e valorização do papel da mulher na sociedade. A festa do CD Maracatu Coração Nazareno – A Rosa do Maracatu, reuniu o Coco Popular de Aliança, comandado por Mestre Biu do Coco, da Chã de Camará; o Caboclinho Sete Flexas, de Goiana e teve a participação dos Mestre João Paulo, Zé Duda e Luiz Caboclo. Sede da AMUNAM - Praça dos Estudantes, Nazaré da Mata, PE.
A mulher atualmente/ disputa cargo elevado/Pra governar o estado ser deputado agente/Cabo sargento ou tenente depende do seu estudo/Ensina lidar com surdo, no amor ele feitiça/Só não pode rezar missa mas o resto pode tudo Sou filha de Nazaré/terra de mestre bamba/Nunca cantei farra bamba nem canto o que Deus não quer/Sou a primeira mulher que brilhei cantando samba.Mestra Gil


William Veras de Queiroz. 2010, D.C Santo Antônio do Salgueiro-Pernambuco

Um comentário:

  1. Companheiros do Sol Vermelho, em um recado enviado a Rosemary pelo orkut, eu disse que Recife e Olinda, nos orgulham por suas fortes tradições carnavalescas. Eu, inclusive, me sinto um pernambucano arretado, uma vez que fui criado lá em Senhor do Bonfim, norte da Bahia, bem próximo à Juazeiro. Cidade que irmanada com Petrolina e banhada pelo velho Chico, é a porta de entrada para o nosso querido Estado de Pernambuco. Um grande abraço!

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