TERCEIRA PARTE
Nos idos de 1920,um episódio traduziria de forma especial essa campanha desencandeada contra Zé Lourenço: a história do boi mansinho,tudo começou quando,por volta de 1900,Pe. Cicero recebeu de presente,do industrial Alagoano Delmiro Gouveia,um boi da raça zebu. Não tendo onde criar o animal, e demostrando confiança no seu discipulo,ele deixa o boi sobre os cuidados de Zé Lourenço. Pelo seu temperamento calmo,logo passa a ser chamado de mansinho. Como se tratava de um presente do Padim Ciço,os moradores de Baixa D'antas tratavam com grande apreço o animal.Além disso,por ser um gado de raça,em pouco tempo mansinho,usado como reprodutor,melhoraria o rebanho local, até então formado por gado "pé-duro",ou seja, um gado resistente,mas de pouca categoria para a produção de leite e carne.
Depois da sedição de Juazeiro,os adversário politicos de Floro Bartolomeu e Pe. Cicero se aproveitaram de um boato surgido do boi mansinho para divulgar a idéia de que José Lourenço era um fanático e adorava o animal como um santo. Circulou um boato de que os moradores de Baixa D'antas considerava o boi mansinho como milagreiro,usava a urina para cura de doenças e a raspa do casco como amuleto. O bispado do Crato,incomodado com a influência desse padre na região,ajudou a propagar essa idéia e passou a pressionar Floro Bartolomeu para dar fim àquele "antro de fanáticos,"novamente,como na "sedição do Juazeiro," uma disputa politica alheia ao povo da comunidade de Baixa D'antas ,interfiriria na tragetória de José Lourenço.Ele passou a ser o principal acusado de fetichismo em torno do " Boi Santo",
Em 1923,chega a Baixa D'antas ordem para prender o Beato.Esse resolve, então, apresenta-se voluntariamente ao politico. Ao apresenta-se o beato é preso.Não bastasse a prisão sem um crime,Floro ainda manda matar o boi Mansinho em frente à prisão. A carne foi oferecida ao beato José Lourenço,que recusou a comê-la. Depois da perseguições religiosa a Pe. Cicero, começaram a fazer circular que Zé Lourenço, não tendo mais vida de penitente,abusava da crendice do povo,apresentando o touro como autor de milagres. Então se dia que a urina do animal era por ele distribuída como eficaz medicamento para toda moléstia; que do seu casco era extraído fragmentos para, em pequenos saquinhos,serem pendurados no pescoço,como relíquias, à moda do santo Lenho;que todos se ajoelhavam em adoração ao touro e lhe davam de beber mingaus e papas;enfim,tudo que uma alma perversa possa conceber. Zé Lourenço ,tornou-se o foco das desavenças de Floro Bartolomeu,Pe. Cicero e o bispado. Com a prisão do beato e a morte do boi ,o deputado Floro quis acabar com a fama de apoiar cangaceiros e fanáticos. Somente com a intervensão de Pe. Cicero e de pessoas influentes do Crato,Zé Lourenço foi solto e retorna a Baixa D'antas. Apesar de tudo que passou na prisão e com a morte do boi Mansinho,Zé Lourenço não guardava ressentimentos e ficou amigo do político quando esteve preso,passando, e depois de solto, a almoçar na residência dele quando ia ao Juazeiro. De volta ao Baixa D'antas ,o beato encontrou as lavouras destruídas,pois haviam soltado uma boiada na roça. Zé Lourenço e a comunidade,ignoraram o ato de vandalismo e reconstruiram e replantaram o que foi perdido. Mas todo esforço foi interrompido em 1926,quando João de Brito,proprietário do sitio arrendado pelo Beato,resolveu vender a propriedade, o comprador não aceitou a permanência da comunidade nas terras. Sem resistir, o beato,acompanhado dos seus seguidores,rumou,então, para Juazeiro do Norte. Reconhecendo a importância da experiência liderada por Zé Lourenço, o Pe.Cicero autorizou a se assentar em outro sitio próximo do Crato,que seria de sua propriedade,conhecido como o Caldeirão dos Jesuítas. Ali, o beato iniciaria uma nova aventura, através da comunidade do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto.
William Veras de Queiroz 2010 D.C - Santo Antonio do Salgueiro -PE.
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