quarta-feira, 18 de abril de 2012

                                                        




           JOÃO MELCHIADES ,O CANTOR DA BORBOREMA


João Melchiades Ferreira,nasceu num 7 de setembro de 1869 na cidade de Bananeiras,no estado da Paraíba.Ficou órfão de pai ainda menino,seus parentes,inclusive a mãe,eram pequenos proprietários de terra na região. O menino João, aprendeu a ler comum dos seus avós,que era ex-seminarista e professor.  Entrou para o Exército  brasileiro  aos 19 anos de idade,ainda na monarquia,foi promovido a sargento em 1893.Combateu nas guerras de Canudos e do Acre em 1903.Retornou de Canudos com perda de audição e do Acre com beribéri.Foi regente da banda de corneteiros do 28º Batalhão de São João da Barra,no estado de Minas Gerais. Deixou o Exército em 1904. A maior parte dos folhetos de joão Melchiades foi publicada pela Popular editora,tipografia do amigo e cordelista paraibano Francisco das Chagas Batista. É desconhecida a data do seu primeiro folheto,mas em 1914 passou a publicá-los regularmente. O poeta lia geografia,história ,mitologia,romances e a Biblia;era muito religioso e amigo de alguns frades. Percorria os sertões vendendo folhetos e participando de cantorias. Viagens feitas em época de safra.As viagens eram feitas sempre a cavalo,levando um alforges com folhetos seus e de Chagas Batista e também terços,livros de missa e "romances de prateleiras". Após sua morte,sua obra e os direitos de publicação foi vendida a Manoel Camilo dos Santos,que passou a editar os folhetos de Melchiades.Entretanto,naquela ocasião os folhetos já era publicados por João Martins de Athayde e, posteriormente,José Bernardo da Silva,princialmente O Romance do Pavão Misterioso.
A disputa entre editores pelos direitos de publicação das obras do "Cantor da Borborema" se estendeu por muitos anos até 2010,quando entraram em domínio público.
  Já foram identificados pelo menos 36 poemas de João Melchiades,porém é provável que esse número seja maior. O folheto mais conhecido é O Romance do Pavão Misterioso(32 páginas)mas existe muitos outros de grande valor para a literatura de cordel,tais como a História de José Colatino e o Carranca do Piauí,História de  Valente Sertanejo Zé Garcia e,principalmente, A Guerra de Canudos,o primeiro cordel sobre Antonio Conselheiro. Com relação a Canudos,é natural que assumisse  a defesa da república,contra a ideologia pregada e praticada por Antonio Conselheiro e seus adeptos. Ao contrário de Euclides da Cunha ,ele não viu nenhum mérito naquele grupo de valentes sertanejo que se insurgiu (e venceu, em algumas ocasiões)o  Exército Brasileiro.
   Seus folhetos são essencialmente pelejas,romances, poemas de época e descrições da Paraíba,da Serra da Borborema e dos proprietários da região.
Os valentes louvados nos poemas de Melchiades  fogem a algumas características dos poemas de folhetos,pois não são pobres vaqueiros e sim  homens de riquezas é o caso  de Cazuza Sátiro,Belmiro costa e Zé Garcia. Se vários poetas aceitavam "cantar ciência" em desafios,João Melchiades recusava-se a falar sobre esse tema e o exemplo mais categórico ocorreu em sua peleja com Francisco Pequeno.Ele dizia que preferia cantar sobre o povo e suas necessidades. O acervo do Cantor da Borborema é de domínio público,a exemplo do que ocorre com outros poetas populares da primeira geração, e foi digitalizado e disponibilizado ao público pela Fundação  e Casa de Rui Barbosa. Há uma controversa  discussão sobre a autoria do Romance do Pavão. Átila Augusto F de Almeida afirma que esse cordel foi plagiado por João Melchiades do original de José Camelo de Melo Rezende,mas essa versão não é partilhada por outros estudiosos,considerando que os dois poetas populares tinham o romance como parte do repertório comum de suas cantorias. A versão de João Melchiades tem32 páginas enquanto a de José Camelo,rara hoje em dia,tem 40 páginas.Há sensíveis diferenças na estrutura das duas histórias e a versão de Melchiades resumida apresenta erros de métricas,características inexistentes na obra de  Camelo.
 Naquela época,a versão do Cantor da Borborema popularizou-se e muitos e por muitos era considerada a original,fazendo mais sucesso do que a de Camelo. De acordo com Expedito Sebastião da Silva,chefe gráfico da Lira Nordestina,esse desgosto motivou o poeta José Camelo a destruir o próprio folheto. João Melchiades Ferreira da Silva é o patrono da cadeira  de número 40 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel(ABLC)ocupada desde 2000 pelo poeta Cearense  Arievaldo Viana.
 Em 2007 Arievaldo Viana e o cartunista /ilustrador pernambucano Jô Oliveira lançaram pela editora Cearense IMEPH o livro "O Pavão Misterioso",uma releitura para o público infantojuvenil dos folheto. ORomanca do Pavão Mysterioso" de João Melchiades e José Camelo de Melo Rezende. Antes mesmo da publicação do livro,as ilustrações de Jô Oliveira do Pavão Misterioso para coleção de selos da Empresa Brasileira de Correios e Telegrafos lhe renderam o ASIAGO(Italia) de melhor selo do mundo,categoria turismo .


Obras selecionadas

  • Romance do Pavão Mysteriozo
  • A besta de sete cabeças
  • A rosa branca da castidade
  • Quinta peleja dos protestantes com João Melchíades
  • Peleja de João Melchíades com Olegário
  • Peleja de João Melchíades com Claudino Roseira
  • História de José Colatino e o carranca do Piauí
  • História de Juvenal e Leopoldina
  • As quatro órfãs de Portugal
  • História do valente sertanejo Zé Garcia
  • O filho que casou com a mãe enganado
  • Peleja de Joaquim Jaqueira com João Melchíades
  • Peleja de Francisco Pequeno com João Melchíades
  • Peleja de Manoel Cabeceirinha com Alexandre Torto
  • Roldão no leão de ouro
  • Victoria dos aliados: a derrota da Allemanha e a influenza hespanhola
  • Os crimes e horrores da Alemanha
  • A Guerra de Canudos
  • Cazuza Sátiro, o matador de onças
  • A cigana esmeralda
  • O marco de Lampião
  • História sertaneja
  • O desabamento do morro Monte Serra




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