terça-feira, 26 de novembro de 2013




                                         Carimbó

O carimbó ou curimbó, segundo consta, é fruto da criatividade dos índios tupinambás. Inicialmente, o ritmo indolente e lento trouxe pouco entusiasmo aos praticantes da dança. Com a chegada dos negros à região, estes foram introduzindo ritmos de andamentos rápidos, sincopados e movimentados, influindo na música e na coreografia da dança, que passou a ser agitada, cheia de giros e requebrados dos quadris. Os responsáveis pela mudança rítmica e empolgação da música são dois tambores, um mais longo e esguio, de sonoridade mais aguda, e outro maior em comprimento e largura, de som mais grave. Reunidos em seus contrastes, provocam uma batida que empolga, tendo a dança sido conhecida como limpa-bancos, pois ninguém conseguia ficar assentado.

O nome curimbó é de origem tupi (korfbo’), formado por duas palavras: curi que significa “pau oco” em,bó, que significa “furado”. Assim, temos curimbó como pau furado que produz som. Posteriormente o próprio povo foi trocando as letras de curimbó para corimbó (como ainda é chamado no município de Salinópolis) e para carimbo, como ficou nacionalmente conhecida a dança.
A dança do carimbo é de origem negra, brasileira, típica das regiões da Ilha do Marajó, no Soure, onde é conhecida por carimbo pastoril, e em Santarém, conhecida como carimbo rural. No município de Marapanim, arredores de Belém, estão alguns dos melhores grupos de carimbo da região, que guardam a fama de serem os maiores difusores do ritmo e da dança no Estado do Pará. Juntamente com os tambores, a música é realizada com a presença de outros instrumentos, como o banjo, que dá a marcação rítmica e serve de sustentação da dança, maracás, flautas, ganzás, reco-recos e pandeiros. A união desses instrumentos deu à música do carimbo um ritmo único, envolvente e extremamente sensual.


A dança, sempre em roda, tem passos característicos que imitam animais. Em determinados momentos, um casal vai ao centro da roda e a dançarina procura envolver com a sua saia o rapaz, que, imitando os movimentos de conquista de um peru, tenta fugir. Se a moça conseguir encobri-lo, continua dançando no centro, enquanto o rapaz é obrigado a sair e, envergonhado, deixa que outro entre na roda em seu lugar.
Em outra brincadeira, a dançarina coloca um lenço no chão, e o desafio está lançado: o dançarino que conseguir pegá-lo sem colocar as mãos ou o corpo no chão, e usando apenas a sua boca, conquistará a sua parceira e poderá dançar com ela a noite inteira. O carimbo é a dança mais difundida no Pará, e não existe data específica para ser dançado, embora sempre aconteça nos festejos juninos e nas festas típicas do Estado.

Nesta dança, as mulheres usam blusas que deixam ombros e barriga à mostra, muitos colares e pulseiras, rosas ou arranjos nos cabelos e saias com rodas largas e coloridas, normalmente de chitão, uma influência das danças do Caribe, de origem negra. Os homens vestem calças curtas até os joelhos, como os pescadores. Podem estar sem blusa ou com ela amarrada na frente. Ambos apresentam-se cheios de colares de sementes da região.
Fonte: CÔRTES, Gustavo Pereira. Dança, Brasil!: festas e danças populares. Belo Horizonte: Leitura, 2000.
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