domingo, 12 de janeiro de 2014




                                             TEREZINHA DE JESUS


Nascida no interior do Rio Grande do Norte,em 3 de julho de 1951, na cidade de Florânia,com o nome de Terezinha de Menezes Cruz, logo iniciou seus estudos em Currais Novos, onde com o advento de alguns corais pelas redondezas conheceu o mundo da música. Quando se mudou para Natal em 1970, a convite de sua irmã Odaíres e do marido da mesma, o compositor Mirabô, decidiu participar do Festival "Explo70", onde a partir daí começou a se apresentar em show regulares pela cidade. Nos anos seguintes, passou por mais alguns festivais tendo ganho um deles com a música "Quero talvez uma nêga" (Ivanildo Cortês / Napoleão Veras).
Na convivência diária com a família, Carlos Gil, seu sobrinho, filho de sua irmã (também cantora) Odaíres, lhe granjeou o primeiro nome artístico "Tiazinha". A partir daí, em meados dos anos 1970, fez parte do grupo "Opção" e com o qual, por inspiração de uma outra irmã que já residia no Rio de Janeiro, ela e o grupo, depois de muitos shows pelo nordeste, zarparam para a "cidade maravilhosa".
Lá, seu primeiro papel como cantora foi de backing vocal de Tim Maia, depois de um teste que o mesmo promoveu para eleger uma vocalista. Além de Tim Maia, Terezinha atuou também com outros renomes antes da fama como Trio EsperançaGolden Boys e Quarteto em Cy. Em 1977, foi convidada pelo ex-produtor de Tim Maia, Jairo Pires, que havia saído da Polydor e subido à presidência da CBS para, junto com sua irmã Odaíres e a ainda então ilustre desconhecida Elba Ramalho (isso antes dela fazer parte d'A Ópera do Malandro) para compor o coral backing vocal do disco de estreia de Zé Ramalho, (esta informação pode ser confirmada no encarte do LP original). Ainda nesse meio tempo conhece um dos seus maiores admiradores, o compositor Abel Silva, que junto e sob aprovação de José Capinam, elegem seu legítimo nome artístico, nos bastidores de um show em que ela cantaria com Paulinho da Viola.
No ano seguinte, em 1978, consegue finalmente acesso ao primeiro degrau de sua carreira. Conhecendo Fagner, tem contato com algumas de suas canções e ganha de presente dele a faixa Cigano, intepretada, gravada e lançada com mais três canções que fizerm sucesso em um compacto encartado no "Projeto Vitrine" da Funarte. Quando esse projeto chega a bombar nos palcos do Rio de Janeiro, ela é convidada para um show dividindo o palco com Moraes Moreira e Djavan. Enquanto se apresenta nessa temporada de shows, Terezinha assina, numa parceria com Fagner, como diretor do selo Epic no Brasil e prepara entre um show e outro alguma música do disco. Nessa época, entrou para a lista das mais novas artistas nordestinas ao lado de Amelinha e Elba Ramalho. Em 1979, sai seu primeiro LP, intitulado "Vento Nordeste" incluindo as quatro músicas do compacto e mais oito gravadas até seu lançamento. O disco conta com a primeira participação especial já do "príncipe do samba", Paulinho da Viola.
Em 1980, sua fama cresceu, assim também como a receptividade de suas canções. Lançando o segundo álbum pela Epic, "Caso de Amor". Algumas das músicas deste disco ainda são bem lembradas hoje, porém, na voz de outros artistas, como "Cidade Submersa" do grande amigo Paulinho da Viola. A faixa-título do disco chegou a ser incluída pela Rede Globo na trilha sonora da novela "As Três Marias", que tinha como uma das protagonistas Glória Pires. Sua voz começou a encantar mais pelo fato de ser natural e simples, do que por tentar parecer uma diva, sendo que a própria Terezinha não se deixava abater pelo fato de não dar muita atenção ao seu futuro como artista, porém no presente.
Em 1981, seu terceiro disco "Pra Incendiar seu Coração" estourou geral em meio à explosão da "Geração Nordeste". O disco, produzido pelo mestre Sivuca, trazia um ritmo bem dançante e conquistou por ser mais direcionado ao período junino e mais ainda por algumas pérolas românticas como "Prece ao Vento", imortalizada na voz de Fernando Mendes, e neste disco, interpretada com a participação especial de sua irmã Odaíres. Ainda em 1981, recebendo convite a integrar o projeto idealizado pelo saudoso compositor Carlos Fernando, grava uma música inédita no disco "Asas da América: Frevo - Volume 2".
Em 1982, seu quarto disco "Sotaque", começa a chamar atenção pela sonoridade tipicamente nordestina da época, além de trazer um repertório bem equilibrado entre o romântico e o regional, chama mais atenção ainda pelo fato de conter uma música em homenagem ao seu estado natal, o Rio Grande do Norte na faixa "Mares Potiguares". Em 1983, grava seu último disco, cuja faixa-título, "Frágil Força" é um presente do Luiz Melodia. Não tendo renovado seu contrato com a CBS depois de 1983, por motivos que nem ela mesma sabe porquê, sua obra acabou caindo no esquecimento até 1985. Não tendo gravado CDs, os únicos registros de sua obra estão em seu volume na famosa série "20 Super Sucessos" lançado em 1997. Hoje, com 62 anos, ela tem vontade de voltar a cantar, porém, o que a agrada mais é o estúdio e não o palco, o que poderia significar uma volta bem diferente à carreira de "diva esquecida da MPB".
À pergunta sobre o porquê do afastamento do eixo de sucesso (Rio-São Paulo) optando pela volta ao Nordeste, Terezinha esclareceu:

“Fiquei muitos anos no Rio de Janeiro. A gente sempre volta para a terra da gente quando as coisas começam a ficar difíceis... Saí da CBS porque quis. Já estava no terceiro contrato e aquilo começava a parecer um casamento. Eu achava que minha carreira não estava evoluindo, que eles poderiam investir mais em mim, que faltava vontade pra isso. Logo após gravar Frágil Força, em 1983, botei na cabeça que se o disco não emplacasse, não fizesse um grande sucesso, eu sairia da CBS. Eu pensava que seria mais ou menos fácil, com tanto tempo de carreira e tantos trabalhos bem feitos, conseguir outra gravadora. É um mistério até hoje. Não sei o que aconteceu, mas cansei de procurar. Então resolvi: se não querem que eu cante, então não vou mais cantar. Voltei para Natal em 1994.”

Questionada sobre o que ouve hoje em dia, a cantora respondeu:

“Não ando ouvindo muito essa geração mais nova. Ainda dou preferência aos mais antigos, como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa... Também gosto de Marisa Monte. De Natal, gosto de muita gente: Pedrinho Mendes, Geraldinho Carvalho, Cleudo. Mirabô gravou, no disco que Babal vai lançar, uma música muito boa. Quem ouviu diz que ficou linda. Pra citar as mulheres também, porque se não fica muito machista, tem Odaíres, minha irmã, que também canta muito bem, tem Lane Cardoso, Lucinha Lira, Cida Oliveira e Glorinha Oliveira. Certamente esqueci alguém, já que Natal tem muita gente boa.”

Terezinha de Jesus, hoje em dia, no terreno da música faz pouca coisa: uma ou outra apresentação em projetos culturais quando eles aparecem. É uma pena porque com 60 anos a sua voz continua perfeita! 


 DISCOGRAFIA


      1979 -  Vento Nordeste 


   


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