quarta-feira, 18 de março de 2015



              Marcos Paulo (Marcos de Sertânia)



Marcos Paulo Lau da Costa é um importante representante da escultura em madeira nascido em Sertânia, Pernambuco, em 1974. Oriundo de uma família de agricultores e artesãos, decidiu mudar a tradição de seus familiares que produziam utensílios domésticos e pequenas esculturas de boi, e passou a retratar a aflição provocada pela seca, ao extrair da madeira figuras esqueléticas carregadas de dramaticidade e melancolia. O cachorro esculpido em madeira, uma de suas obras mais emblemáticas, nos remete à Baleia, a cadela de Vidas Secas de Graciliano Ramos. “... A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo...” [RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ªed. Rio de Janeiro: Record. 2001]. “Criei um estilo mais próprio, emagreci os personagens para dar mais sofrimento. Vivi tudo isso aí que coloco no meu trabalho. Já sofri com a seca, já ajudei minha mãe a carregar água na cabeça, meu pai era vaqueiro, já vi o gado morrer de fome”, conta Marcos. Marcos Paulo hoje sustenta sua família com o seu talento e criatividade.

Marcos Paulo pertence a uma geração nova de mestres da arte popular brasileira que inova pela linguagem e pelo estilo próprio. As esculturas de Marcos, além da dramaticidade impressa, dão a impressão de estarem em constante movimento. “As pessoas lá de Sertânia achavam feio o que eu faço. Eu desproporcionalizava as coisas, mas eu gosto do desproporcional, da mesma forma como eu acho meu universo bonito. Claro que a seca é terrível, mas a caatinga é bonita. Uma vez me disseram que meu trabalho parecia com o de Portinari. Quando conheci os quadros dele vi que o que eu fazia ele também fazia”, conta Marcos Paulo. A obra de Marcos Paulo já foi comparada também com a obra do artista plástico e escultor italiano Amedeo Modigliani.



As obras de Marcos Paulo estão espalhadas em coleções particulares pelo Brasil e no exterior. Ele freqüentemente participa junto com sua obra de varias feiras e exposições pelo Brasil, como: o 6° Salão Internacional do Artesanato, realizado em Brasília-DF (2013) e a Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), realizada todos os anos no mês de julho em Recife-PE.

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