quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
LIRA MARQUES
Maria Lira Marques Borges, mais conhecida como Lira Marques, é uma das responsáveis pela projeção da arte do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais para o mundo. Ela nasceu em 1945 na cidade de Araçuaí, região do médio Jequitinhonha, localizada a 678 km da capital Belo Horizonte. Lira começou a trabalhar muito cedo, seu pai era sapateiro e sua mãe lavadeira. Da mãe herdou a profissão; lavou muita roupa das famílias de Araçuaí juntamente com sua mãe. Da mãe também herdou a alma de artista. “... Minha mãe era uma artista. Ensinava a gente a declamar com gestos: ‘ó minha filha, a gente tem que fazer isso grande.’ Ela tinha muitos dons. Tinha uma voz linda, sabia alguns tons no violão, fazia muitos trabalhos manuais, ensinava a gente a se defender se uma pessoa pegasse a gente. Não conseguiu estudar, mas era uma mulher muito inteligente. Até hoje, eu fico encabulada: como uma pessoa criada sem mãe, lavadeira de roupa, tinha tantos dons artísticos?”, conta Lira. Foi observando sua mãe a mexer com o barro que Lira começou a ser a artista que é hoje. Dona Odília, como era chamada, fazia cerâmica ocasionalmente na época do natal, sobretudo presépios; fazia sucesso entre os moradores. Nos intervalos entre uma trouxa de roupa e outra, Lira também trabalhava com o barro. Com o tempo sua obra foi ganhando espaço e notoriedade entre os demais artistas da região, ao ponto de Lira conseguir fazer dele o seu oficio e dele tirar o seu sustento. “... Eu amo aquilo que eu faço. Isso é o que me dá vontade de viver...”
O início, como na maioria das vezes, foi difícil. Foi uma ceramista da região, conhecida de Lira, Dona Joana Poteira, que a orientou nas técnicas da cerâmica. Familiares lhe emprestavam livros de história e filosofia, e neles Lira se inspirava para fazer bustos de mulheres e de filósofos, sem intenção de vender. Porém, sua origem africana e indígena falou mais alto. Ainda com o auxílio de livros, Lira passou a pesquisar referencias africanas e indígenas para compor o seu trabalho. Não demorou muito para esses bustos desparecerem e no lugar surgirem trabalhos relacionados com a vida e o sofrimento do povo do Vale do Jequitinhonha. “... Nosso povo é sofrido. Foi vendo esse sofrimento que fiz minha primeira peça (Pessoas brotando da terra que dá sustento ao Cruzeiro). Porque foi isso que vi, o povo pedindo, carregando água e pedras lá para o alto. Uma penitência...”
A grande virada do trabalho de Lira se deu na década de 1970 com a chegada do Projeto Rondon (Campus Avançado da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) e da Codevale (Comissão do Desenvolvimento Vale do Jequitinhonha). Os estudantes de ciências sociais e agronomia, vindos através do Projeto Rondon, gostaram do trabalho de Lira e levaram para feiras de artesanato em Belo Horizonte. A partir daí o trabalho de Lira foi sendo conhecido além das fronteiras do Vale do Jequitinhonha. Foi também na década de 1970 que lira conhece Frei Chico (Francisco van der Poel, frei franciscano, pesquisador da cultura e religiosidade popular brasileira). Com ele ajudou a fundar o Coral Trovadores do Vale e se tornou também pesquisadora. O esforço dos dois resultou em um amplo trabalho de pesquisa sobre a cultura do Vale. “... Nós gravamos 250 fitas com cantigas de roda, cantigas de ninar, cantos de pedir esmola, cantos de beira-mar, cantos sobre a educação da criança. E não ficou só nesses cantos, mas também sobre a agricultura, como plantar, quais os tipos de milho que existem, como é que planta a mandioca, quantos tipos de mandioca têm, como é que faz uma casa, tudo sobre os remédios, as rezas, tudo, tudo o que você imaginar”, diz Lira.
Com o passar do tempo, Lira começou seu trabalho com máscaras de cerâmica. Hoje em dia, além de se dedicar a essas máscaras, Lira faz "pinturas de terra", como ela mesmo chama, que são obras de pintura de barro sobre papel, tecido ou pedras, utilizando as cores da terra para produzir suas peças. Seus trabalhos já foram mostrados em muitas exposições organizadas por galerias e instituições diversas, tanto no Brasil como no exterior.
Maria Lira Marques Borges, mais conhecida como Lira Marques, é uma das responsáveis pela projeção da arte do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais para o mundo. Ela nasceu em 1945 na cidade de Araçuaí, região do médio Jequitinhonha, localizada a 678 km da capital Belo Horizonte. Lira começou a trabalhar muito cedo, seu pai era sapateiro e sua mãe lavadeira. Da mãe herdou a profissão; lavou muita roupa das famílias de Araçuaí juntamente com sua mãe. Da mãe também herdou a alma de artista. “... Minha mãe era uma artista. Ensinava a gente a declamar com gestos: ‘ó minha filha, a gente tem que fazer isso grande.’ Ela tinha muitos dons. Tinha uma voz linda, sabia alguns tons no violão, fazia muitos trabalhos manuais, ensinava a gente a se defender se uma pessoa pegasse a gente. Não conseguiu estudar, mas era uma mulher muito inteligente. Até hoje, eu fico encabulada: como uma pessoa criada sem mãe, lavadeira de roupa, tinha tantos dons artísticos?”, conta Lira. Foi observando sua mãe a mexer com o barro que Lira começou a ser a artista que é hoje. Dona Odília, como era chamada, fazia cerâmica ocasionalmente na época do natal, sobretudo presépios; fazia sucesso entre os moradores. Nos intervalos entre uma trouxa de roupa e outra, Lira também trabalhava com o barro. Com o tempo sua obra foi ganhando espaço e notoriedade entre os demais artistas da região, ao ponto de Lira conseguir fazer dele o seu oficio e dele tirar o seu sustento. “... Eu amo aquilo que eu faço. Isso é o que me dá vontade de viver...”
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