quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

VINGANÇA, NÃO: A FATALIDADE HISTÓRICA DERROTADA ÂNGELA BEZERRA DE CASTRO
Editado em 1960, pela Livraria Freitas Bastos do Rio de Janeiro, "Vingança, não" foi um livro marcante. Recuperava um episódio da história do cangaceirismo por uma ótica duplamente original: pela mensagem de perdão e pelo envolvimento emocional do autor, na sequência dos fatos. Com a beleza de sua palavra, com a coragem de expor as entranhas de um drama que poucos ousariam passar a limpo, com a severa imparcialidade que se impôs, padre Chico Pereira Nóbrega conquistou o público. Principalmente a juventude estudantil, tanto secundarista quanto universitária, de quem ele se tornou um líder. cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdao
Éramos todos seus leitores e corríamos para ouvi-lo em conferências inesquecíveis. Trazia uma pregação inovadora, questionamentos que vinham ao encontro de nossas inquietações. Não falava de céu, nem de inferno, nem de castigos ameaçadores. Falava da construção do ser, da vida e do amor, tema de sua predileção. E nos ensinava a pensar, a duvidar das verdades sacramentadas, das verdades ditas inquestionáveis. O sucesso do livro trouxe logo a segunda edição, no ano seguinte ao lançamento. E, depois, as reedições permaneceram suspensas por quase três décadas. Era a consequência de revelações que alteravam substancialmente a história contada pelos vencedores. Por fim, a terceira edição veio em 1989 e a quarta, em 2002, patrocinada pela FUNESC. O autor segue a clássica distinção aristotélica de que a história narra o que realmente aconteceu em determinado tempo e lugar. A arte, o que poderia ter acontecido, o possível de acontecer em qualquer tempo e lugar. Define seu livro como depoimento e não, romance. Sendo categórico na Introdução: "Poderia escrever em forma de romance, mas não quis. O real constrói mais que o imaginário". É uma declaração de princípio que se completa com outras duas afirmações: "Tomo, agora, a imparcialidade de quem não tem partido. Não é o filho, é o historiador quem fala".
cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdaoChico Pereira Francisco Pereira Dantas (1900—1928) Fonte ▪ Lampião Aceso Ler com atenção o preâmbulo é pré-requisito para a compreensão do livro, na perspectiva do autor: como "trabalho de precisão histórica". Essa precisão ele construiu, recolhendo a pluralidade dos pontos-de-vista através dos quais lhe foi contada a história, ao longo de muitos anos. Retirando da tradição oral a parte lendária. Buscando a confirmação dos fatos, através da pesquisa em processos criminais de seis comarcas, pertencentes a três Estados, e confrontando as versões com os jornais da época. Também lhe serviu de subsídio um folheto autobiográfico, deixado pelo pai. Além da carta do Tenente Coronel da Reserva da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Genésio Cabral de Lima, relatando a execução de Chico Pereira, da qual ele participou, com outros policiais daquele Estado, em 28 de outubro de 1928, perto de Currais Novos. Espancaram, até a morte, o prisioneiro algemado. Desfiguraram-lhe o rosto. E simularam um acidente de automóvel para esconder O crime. Esta carta constitui o documento de maior impacto, pela crueldade dos detalhes rememorados e pelo convencimento do Tenente, afirmando-se, ainda, um benfeitor da coletividade. Nele, o filho encontra a resposta para o mistério que envolveu, por mais de trinta anos, o desaparecimento do pai. Pode, enfim, ler o atestado de óbito e visitar a cova. Simbolicamente, consegue sepultar o pai. cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdaoJardaJardelina Esmerina Nóbrega Esposa de Chico Pereira e mãe do padre Chico Pereira Nóbrega
Fonte ▪ Mulheres do Cangaço É o objetivo do depoimento: reconstituir os fatos, preencher lacunas, restaurar a memória que as paixões deformaram. Sem fazer de Chico Pereira um herói. A heroína é Jarda, a mãe que soube compreender, amar, resistir, perdoar e educar para o perdão. A mulher sábia e forte que se opôs ao que parecia fatalidade histórica, encaminhando os filhos para um outro destino. Localizado no espaço e no tempo, o relato inclui as pessoas com os nomes próprios. Presidentes, coronéis, juiz, delegados, comerciantes, famílias, cangaceiros, etc., cada um com seu papel no tempo sociológico que o autor metaforiza pela semelhança com a geologia: "A era em que tudo era fogo, larvas devoradoras, explosões contínuas, desagregações. Era dos vulcões vomitando maldições". E logo se impõe a correlação: nas entranhas da sociedade, o sectarismo da política partidária, gerando o arbítrio, promovendo a impunidade e a injustiça, com a mesma força destruidora das explosões, do fogo e das larvas. Começa a história com o assassinato do Coronel João Pereira, avô do autor, provocado dentro de seu estabelecimento comercial. Era o tempo das obras contra as secas, na Presidência de Epitácio Pessoa. O sertão encontrava, no atendimento aos operários das construções, um mercado consumidor significativo. E foi a disputa de poder político e financeiro, entre os proprietários de dois barracões, que originou o conflito. cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdaoCoronel João Pereira Pai de Chico Pereira e avô de Chico Pereira Nóbrega, autor do livro "Vingança, Não" Fonte ▪ Blog do Mendes Afirma o autor que "não é imaginação nem exagero". Depois da luta, o sangue "descia o batente, fazendo burburinho de água corrente". O Coronel João Pereira morreu, pedindo aos filhos Chico, Aproniano, Abdias e Abdon que entregassem à Justiça. Vingança, não. Mas a Polícia, a serviço da política partidária, não prendeu o criminoso, sempre com desculpas evasivas que revelavam a cumplicidade. Então Chico Pereira, num gesto inusitado, pede permissão ao Delegado para trazer Zé Dias. E entrega o assassino do pai à Polícia. Dentro de uma semana, recebe a notícia de que Zé Dias está em liberdade. Era a deformação do Estado de Direito na provocação insuportável. Chico Pereira passa a não enxergar outra saída, além da vingança. E, meses depois, Zé Dias é achado morto no meio da estrada. Perseguido pela mesma Polícia que favoreceu o assassino de seu pai, Chico Pereira se fez cangaceiro. "Vingança, não" reconstitui a trajetória dessa vida que, como tantas outras, as circunstâncias históricas e a injustiça precipitaram no desespero, na loucura da violência extrema. cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdaoChico Pereira
Fonte ▪ Cariri Cangaço O filho, padre e escritor, recupera os fatos. Com o poder da linguagem, atualiza episódios, diálogos, gestos que agora se perpetuam para o julgamento da história. O domínio da linguagem permitiu ao historiador que utilizasse em seu depoimento todos os recursos da narrativa de ficção. Fazer viver os personagens, imprimindo-lhes identidade. Dar força e movimento às ações. Reconstituir a intensidade dramática dos fatos. Recuperar o tempo.
Rachel de Queiroz identificou essa qualidade do livro. E, no prefácio, registra, como ninguém mais poderia, o mérito do autor que escreve história, literariamente. Afirma a grande escritora: cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdao Rachel de Queiroz "É um depoimento que impressiona pela honestidade. — e se às vezes, como obra de arte que é, se alça às puras alturas da beleza, nunca perde a severa imparcialidade que representa sua marca principal". Pelos recursos da expressão, se fazem inesquecíveis para o leitor: os tocantes diálogos e monólogos interiores dos personagens; o desassombro dos homens, na violência das lutas; a insólita entrega de Zé Dias à polícia; a invasão de Sousa pelo bando de Lampião; a falta de saída, o isolamento, a desgraça e a resistência do cangaceiro; a deformação do aparato policial do Estado; a reação silenciosa e heróica de Jarda. E que dizer do cavaleiro misterioso, em seu cavalo branco, aconselhando o perdão e desaparecendo para sempre no pingo do meio-dia? E do grito desesperado da mãe de Chico Pereira, ecoando à noite nos descampados e nas serras, cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdaoD. Maria Egilda Dantas Pereira Esposa do coronel João Pereira, mãe de Chico Pereira e avó do padre Chico Pereira Nóbrega Fonte ▪ Blog do Mendes chamando pelo filho que ela não sabia já executado e enterrado no Rio Grande do Norte?
Há muito se coloca a impossibilidade do limite entre a realidade e a ficção, sob a forma do questionamento repetido: se é a vida que imita a arte ou a arte que imita a vida. Constatando-se muitas vezes que a realidade vivida se apresenta bem mais fantástica e surpreendente do que a imaginação. O depoimento do professor Francisco Pereira Nóbrega reitera esta conclusão. E não é sem motivo que tantos leram essa narrativa, como se fosse um romance, apesar de todas as explicações do historiador e do ponto de vista adotado. A evidência é que, entre a história e a ficção, os núcleos temáticos se correlacionam. De tal modo que, lendo Vingança, não somos naturalmente impelidos a lembrar Pedra Bonita e Cangaceiros de Zelins. E a constatação é de que a história vivida ratifica, em muitos aspectos, a verdade romanesca. Comparando Aparício, o cangaceiro criado por Zelins, com Chico Pereira, grandes semelhanças podem ser apontadas entre os dois, desde a entrada no cangaço por imposição das circunstâncias. cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdao
Casarão da Fazenda Jacu, em Nazarezinho ▪ Paraíba, onde Chico Pereira nasceu e cresceu / Imagem de 1930 / Local atualmente tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba Fonte ▪ Tok de História A partir daí, a vida nômade, o isolamento, a solidão, o desespero sem saída. Não existe caminho de volta para o cangaceiro porque o poder de polícia se exerce como vingança e a justiça está morta. Outro aspecto relevante nos dois enfoques é a humanização do personagem de ficção e do personagem histórico. Uma visível contestação à ideologia que reduz o cangaceiro a um ser monstruoso, a um bandido sanguinário. Esse livro é único. Em parte reconstitui a tragédia de um cangaceiro, mas não se encontra aí o seu tema. Na verdade, é um livro sobre o perdão. E mais que isso. Sobre a felicidade de perdoar.A profunda relação com a família é o argumento incontestável. O cangaceiro amoroso, solidário, preocupado com os seus. O que mais é realçado na ascendência da mãe sobre o filho. O confronto com a polícia reforça essa perspectiva pela descrição da perversidade como são tratados os cangaceiros, deixando sempre para o leitor a indagação: quem é o bandido? O desassossego que recai sobre a família dos cangaceiros é outro ponto de convergência entre a ficção e a realidade. Ser irmão, filho, parente de cangaceiro é não ter lugar no mundo. É ser proscrito.
Na ficção de Zelins, é pela ótica da mãe de Aparício que esse problema se caracteriza como maldição. Personagem trágica, cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdao sinhá Josefina vai do desespero à loucura, matando-se, enforcada, por não poder mudar a sina da família. Se os dois escritores se assemelham na colocação dos núcleos temáticos, são diametralmente opostos na visão-de-mundo que conduz o tratamento das questões. Zelins, filiando-se à tradição da tragédia grega, submete seus personagens à fatalidade. Ninguém se salva, todos são vítimas do destino impiedoso e absoluto. O livro do padre Chico Pereira Nóbrega pertence a outra família do espírito. É uma contestação à fatalidade histórica. A comprovação de quanto pode a consciência humana. É preciso dizer que o subtítulo não corresponde à dimensão do livro. E me perdoe a ilustre prefaciadora que tanto admiro. É uma injustiça classificá-lo de "mais uma história do Nordeste".
Esse livro é único. Em parte reconstitui a tragédia de um cangaceiro, mas não se encontra aí o seu tema. Na verdade, é um livro sobre o perdão. E mais que isso. Sobre a felicidade de perdoar. cangaco cangaceiro paraiba chico pereira jarda vinganca perdaoJarda Fonte ▪ Cariri Cangaço Evitando que os filhos se tornem produto do meio violento, Jarda se torna o símbolo de um poder para o qual o mundo ainda não despertou. O poder da mãe na educação dos filhos. O poder da "professora rural de esmolada mensalidade" capaz de evitar a desgraça e mudar o Destino. No Brasil conflagrado de hoje, quando as grandes cidades se transformaram em "sertões", "Vingança, não" ganha atualidade e faz pensar. É, ao mesmo tempo, a palavra que convence e o exemplo que arrasta. Deveria chegar a todas as escolas e a todos os presídios, patrocinado pelo Estado e pela Igreja. Postado originalmente no carlosromero.com.br

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

O sertão pernambucano volta a ser cenário e protagonista do audiovisual com a realização do 16° Festival de Cinema de Triunfo, promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco (Fundarpe). Entre os dias 14 e 20 de dezembro, o município serrano recebe uma programação intensa e inspiradora, que reafirma a força do cinema como linguagem de imaginação, poesia e transformação. Com o tema “No sertão o cinema já nasceu encantado”, a edição de 2025 propõe um mergulho no poder simbólico da imagem e na potência criadora do território. O festival reconhece o Sertão como espaço de encantamento, onde a arte se entrelaça com a oralidade, a música, a memória e a ancestralidade. É desse encontro entre o real e o imaginário que o cinema sertanejo se reinventa, devolvendo a poesia aos olhos e a sensibilidade ao olhar. “Triunfo é um território de criação e resistência, onde o cinema pulsa como espelho da nossa diversidade e das histórias que o povo nordestino tem para contar. Quando o Estado investe na produção e na difusão audiovisual em todas as regiões, ele reafirma o cinema como direito, expressão e patrimônio vivo da nossa cultura”, destaca a secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.
A programação reúne seis mostras – longa-metragem nacional; curta e média-metragem nacional; curta e média-metragem pernambucano; curta e média-metragem infantojuvenil; curta e média-metragem dos Sertões; e filme experimental – contemplando produções de ficção, documentário, animação e videoclipes realizadas entre 2023 e 2025. Entre os destaques, estão obras que entrelaçam ancestralidade, território e imaginação, como o longa “Originárias”, de Marcilia Cavalcante Barros, que abre a mostra nacional com uma potente narrativa sobre as vozes indígenas e femininas silenciadas pela colonização; “Timidez”, de Susan Kalik e Thiago Gomes Rosa, que aborda as delicadezas das relações humanas; e “Gravidade”, de Leo Tabosa, longa pernambucano que encerra o festival em tom de mistério e renovação. As mostras de curtas e médias-metragens revelam a pluralidade das narrativas sertanejas e brasileiras: de “Pé de Chinelo”, da diretora petrolinense Cátia Cardoso, à videodança “Afluir”, de Gabi Holanda; do documentário “Ô Celina, Ô Celina – Biu Neguinho”, sobre o mestre do samba de coco de Arcoverde, à ficção “Boiuna”, de Adriana de Faria, que mistura mitologia e resistência feminina amazônica. Renata Borba, presidente da Fundarpe, reafirma o papel do Estado na valorização do audiovisual e na ampliação do acesso à cultura em todo o território pernambucano. “O Festival de Cinema de Triunfo fortalece a produção audiovisual em todas as regiões. Ao apresentar uma programação que valoriza a diversidade de narrativas que emergem dos territórios, o festival consolida Triunfo como um polo estratégico para a difusão e a circulação do cinema pernambucano”, pontua.
Outros títulos reforçam o caráter diverso e sensível do festival: “Encruza”, filmado em Salgueiro, retrata o sincretismo religioso do Sertão Central; “Noé da Ciranda”, dirigido por João Marcelo, celebra a força da cultura popular pernambucana; e “Jamary”, de Begê Muniz, traz a floresta amazônica e seus encantados para o centro da narrativa. Cada sessão do festival foi pensada como um ato poético: “As encantarias movem os olhos do cinema”, “Cinemas que soam como águas”, “Cinemas para encadear outros mundos”, “Fabricando imaginações do futuro” e “Toda terra guardará nossas vozes”. Juntas, essas curadorias reafirmam o compromisso do evento com um cinema que emociona, provoca e transforma. Mais do que exibir filmes, o Festival de Cinema de Triunfo é um convite à escuta, à partilha e ao encantamento. No alto da serra, o cinema encontra sua morada ancestral, e o público, a oportunidade de redescobrir o mundo através da arte.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA DE FILMES – 16° FESTIVAL DE CINEMA DE TRIUNFO: 14/12/2025 (domingo) ABERTURA 16h Natália do Espírito Santo (Curta-metragem, Triunfo-PE, Livre), dirigido por alunos do EREM Alfredo de Carvalho. 15/12/2025 (segunda-feira) 13h30 às 15h – Theatro Cinema Guarany Natália do Espírito Santo (Curta-metragem, Triunfo-PE, Livre), dirigido por alunos do EREM Alfredo de Carvalho. A Moreninha (Ficção, 2025, Triunfo-PE, Livre), dirigido coletivamente pelos estudantes da Escola Alfredo de Carvalho. Sinopse: A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, conta a história de Augusto, um estudante que faz uma aposta com os amigos: ele afirma que nunca se apaixonará. Durante uma visita à ilha onde mora Carolina, uma jovem encantadora apelidada de “A Moreninha”, Augusto acaba se apaixonando por ela. No final, ele descobre que Carolina é a mesma menina por quem havia prometido amor eterno na infância. Dom Quixote (Ficção, 2025, Triunfo-PE, Livre), dirigido coletivamente pelos estudantes da Escola Alfredo de Carvalho. Sinopse: Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, conta a história de um homem chamado Alonso Quixano que enlouquece de tanto ler livros de cavalaria e decide se tornar cavaleiro, adotando o nome de Dom Quixote. Ao lado de seu fiel escudeiro Sancho Pança, ele vive várias aventuras, imaginando enfrentar monstros e gigantes que, na verdade, são situações comuns. A obra mistura humor e crítica, mostrando a diferença entre sonho e realidade. Senhora (Ficção, 2025, Triunfo-PE, Livre), dirigido coletivamente pelos estudantes da Escola Alfredo de Carvalho. Sinopse: Senhora, de José de Alencar, conta a história de Aurélia Camargo, uma jovem bela e rica que compra seu antigo amor, Fernando Seixas, em um casamento por interesse. Ela faz isso para se vingar, pois ele a abandonou no passado por ambição. Com o tempo, porém, os dois enfrentam o orgulho e o ressentimento até redescobrirem o verdadeiro amor. Auto da Compadecida (Ficção, duração variável, 2025, Triunfo-PE, Livre), dirigido coletivamente pelos estudantes da Escola Alfredo de Carvalho. Sinopse: Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, é uma comédia ambientada no sertão nordestino que mistura humor, fé e crítica social. A história acompanha João Grilo e Chicó, dois amigos pobres e espertos que usam a inteligência para sobreviver. Após várias confusões, João Grilo morre e enfrenta um julgamento no céu, onde a Compadecida (Nossa Senhora) intercede por ele. SESSÃO: AS ENCANTARIAS MOVEM OS OLHOS DO CINEMA 17h30 às 19h | Mostra de curtas, médias-metragens e filmes experimentais Ressonância (Drama, 20 min, 2025, Caicó-RN, Livre), dirigido por Anna Zêpa Sinopse: O desejo de liberdade ainda ressoa em Margarida e a ideia de ficar presa em uma rotina cotidiana a deixa sufocada. Plantis da Vida – Frevo Rural (Musical, 5 min, 2025, Upatininga-Aliança-PE, Livre), dirigido por Clarissa Azevedo Sinopse: Obra vibrante à resiliência e à força vital da cultura do frevo rural, nova modalidade do frevo criado pela Orquestra de Frevo Zezé Corrêa, em Upatininga Aliança – PE, conectando as raízes da brincadeira popular da terra dos canaviais com a efervescência da festa do frevo. A narrativa se desdobra em um manifesto, costurando a metáfora do plantar e colher da cana-de-açúcar com a cultura popular pulsante em Upatininga, celebrando o nosso frevo, o frevo rural. Akaîutĩ (Documentário, 17 min, 2025, João Câmara – RN, Livre), dirigido por JP Mello, Kaline Cassiano e Sylara Silvério Sinopse: Entre o fogo que torra a castanha do caju e os cantos sagrados, Akaîutĩ narra a trajetória do povo Mendonça Potiguara. Guiado pelas vozes entoadas que cuidam da terra, o filme mostra uma ciência viva – onde cada gesto é resistência, cada melodia, proteção. Pé de Chinelo (Ficção, 19 min, 2024, Petrolina-PE, Livre), dirigido por Cátia Cardoso Sinopse: Antônio, conhecido como Burrego, é um menino de doze anos, sonhador e resiliente, que vive com sua avó, Dona Toinha, em uma pequena comunidade ribeirinha. Em suas travessias de barco para vender verduras ao lado da avó e nas longas caminhadas até a escola, Burrego se depara com escolhas e tentações que testam sua determinação em realizar seu maior sonho. Encruza (Videoclipe, 11 min, 2024, Salgueiro-PE, Livre), dirigido por Guilherme Cavalcante e Rafael Costa Sinopse: O projeto visa apresentar a cidade de Salgueiro, sertão central de Pernambuco, através do recurso audiovisual, exibindo o seu entroncamento geográfico e a ligação ancestral com a religiosidade. Exibindo desta forma um recorte espiritual de sincretismo religioso, onde Santo Antônio é Exu, o orixá da comunicação e senhor das encruzilhadas. 20h | Mostra longa-metragem Nacional Originárias (Documentário, 72 min, 2025, Salvador-BA, 12 anos), dirigido por Marcilia Cavalcante Barros Sinopse: “Originárias” é uma refabulação contracolonial que entrelaça ancestralidade, feminismo e luta indígena. O filme propõe uma retomada simbólica das vozes silenciadas pela colonização, evocando a mitologia e a força espiritual das mulheres que resistem. 16/12/2025 (terça-feira) SESSÃO: CINEMAS QUE SOAM COMO ÁGUAS 17h30 às 19h | Mostra de curtas, médias-metragens e filmes experimentais Afluir (Videodança, 16 min, 2025, Olinda-PE, Livre), dirigido por Gabi Holanda Sinopse: Afluir é um cine-dança que entrelaça corpo, água e memória em uma narrativa sensorial entre o real e o onírico. Em meio à crise hídrica, uma mulher vivencia o reencontro com a água como alívio e encantamento, acionando gestos cotidianos, mitos e memórias ancestrais. O filme evoca a presença mítica das mulheres d’água e reflete sobre a desigualdade no acesso à água, destacando a centralidade das mulheres no cuidado com esse bem comum. Um mergulho poético na existência aquática da humanidade. Salam (Documentário, 10 min, 2025, Afogados da Ingazeira-PE, Livre), dirigido por Bruna Tavares Sinopse: Uma jovem tem seu encontro de fé no sertão de Pernambuco. Ô Celina, Ô Celina – Biu Neguinho (Documentário, 21 min, 2025, Arcoverde- PE, Livre), dirigido por Jadson André e Sheilla Moreno Sinopse: Ô Celina ô Celina -Biu Neguinho, narra um pouco dos 95 anos de Severino Amaro dos Santos ou simplesmente mestre Biu Neguinho, o criador e introdutor da batida do surdo do samba de coco de Arcoverde. O filme percorre sua jornada desde sua passagem pelo futebol, sua contribuição para o carnaval arcoverdense com as escolas de samba, suas dificuldades até a revolução cultural que nasce da sua batida imortalizada pelos grupos de sambas de coco de Arcoverde. Mal Sagrado (Drama, 24 min, 2025, Petrolina-PE, 12 anos), dirigido por Tandie Sogo e Pedro Lacerda Sinopse: “Mal Sagrado” acompanha a jornada de Ciça, lavadeira que encontra no rio Velho Chico sustento e também a essência de sua existência. Quando sua vida é atravessada por um acontecimento doloroso, ela precisa enfrentar a situação e buscar reconciliação com o rio que sempre a sustentou. Uma narrativa que une silêncio, inspiração na dança contemporânea e simbolismo para refletir sobre luto, identidade, espiritualidade e reconciliação com a natureza. O céu não sabe meu nome (Drama, 20 min, 2024, Salvador-BA / São Paulo-SP, Livre), dirigido por Carol AÓ Sinopse: Uma neta ressignifica a morte de sua mais velha através das memórias antes não ditas. 20h | Mostra longa-metragem Nacional Timidez (Drama, 83 min, 2025, Rio de Janeiro – RJ, 10 anos), dirigido por Susan Kalik e Thiago Gomes Rosa Sinopse: Jonas, mora com seu o irmão, Nestor, com quem tem uma relação afetuosa, mas, por vezes, abusiva. Porém, esta noite, Lúcia, a vizinha, virá para o jantar e Jonas precisa enfrentar seu irmão e o fantasma de sua “Timidez”, se quiser viver esse amor. 17/12/2025 (quarta-feira) SESSÃO: CINEMAS PARA INCANDEAR OUTROS MUNDOS 17h30 às 19h |Mostra de curtas, médias-metragens e filmes experimentais Sertão 2138 (Ficção, 19 min, 2024, Recife-PE, Livre), dirigido por Deuilton B. Junior Sinopse: Em uma Terra distópica, uma brilhante cientista tem finalmente sua entrada liberada na Estação Espacial. Quando está tudo pronto para a tão sonhada partida e nova vida, uma misteriosa missão interrompe seus planos. Quando em tuas veias (Experimental, 9 min, 2025, Garanhuns-PE, Livre), dirigido por Roberta Laleska e Felipe Espíndola Sinopse: Três personagens vagam por uma cidade em dissolução. Suas histórias, fragmentadas por ausências e afetos partidos, se entrelaçam enquanto a própria urbe, viva e pulsante, se insinua como quarta presença — íntima, sufocante, reveladora. Cana queimada de desejos (Videoclipe, 4 min, 2025, Carpina-PE, Livre), dirigido por Sávio Sabiá e Ricardo Sékula Sinopse: Em seu primeiro videoclipe, Sávio Sabiá, cantor e compositor da Zona da Mata Norte pernambucana, faz um registro poético de sua trajetória enquanto artista LGBTQIAPN+ da cultura popular, apresentando-se como um sujeito que resiste através da arte. Um dia de todos os dias (Experimental, 8 min, 2024, Belo Horizonte-BH, 10 anos), dirigido por Fábio Narciso Sinopse: O racismo é um dia comum. Boiuna (Drama, 20 min, 2025, Belém-PA, 14 anos), dirigido por Adriana de Faria Sinopse: O filme acompanha Mara (Jhanyffer Santos) e sua mãe, Jaque (Naieme), em uma jornada marcada por mistérios e encantamentos que atravessam a floresta e as mulheres ribeirinhas. Com uma estética profundamente ligada ao universo amazônico, “Boiuna” constrói uma atmosfera de encantamento e ancestralidade. Entre memória, território e imaginação, “Boiuna” reafirma o protagonismo nortista e feminino no audiovisual brasileiro. Recife – Enquanto os monstros dormem (Documentário, 9 min, 2023, Recife-PE, 16 anos), dirigido por Widio Joffre Sinopse: O que acontece nos primeiros minutos de cada manhã em uma cidade grande como Recife? Quais jornadas começam quando suas ruas ainda estão quase vazias? Que segredos e magias seus elementos escondem? Recife – Enquanto os Monstros Dormem é um documentário experimental que faz da cidade sua protagonista, explorando-a para além dos clichês habituais. Inspirada por uma linguagem contemplativa e sensorial, a obra transita entre a ficção e o documentário, evocando momentos de introspecção sobre espaços que se tornaram parte do cotidiano. Ao revelar uma Recife rara e silenciosa, a obra nos conduz a um território de transição — entre o real e o imaginado. Ecos do Tempo (Experimental, 10 min, 2025, Recife-PE, 16 anos), dirigido por Renato Izaias Sinopse: No coração do Ibura, em Recife, um jovem se vê entre dois tempos: o presente marcado pela luta cotidiana e um futuro distópico em que inteligências artificiais controlam narrativas e silenciam comunidades inteiras. Ecos do Tempo costura afrofuturismo, poesia e ancestralidade para revelar a potência da memória coletiva e da espiritualidade periférica como forças capazes de atravessar séculos. Entre o real e o onírico, o filme é uma fábula sobre resistência, identidade e a urgência de preservar nossas vozes diante do esquecimento imposto. 20h | Mostra longa-metragem Nacional Uma estrada que corta o território do Xerente (Documentário, 72 min, 2025, Palmas-TO, 10 anos), dirigido por Túlio de Melo Sinopse: “Uma estrada que corta o território do Xerente” é um documentário indígena que tem como objetivo provocar uma reflexão sobre o conceito de território a partir da realidade do povo indígena Xerente, cuja terra, o seu território é cortado por uma estrada que é utilizada durante a narrativa do documentário como um chamado para reflexão sobre o conceito de território indígena. 18/12/2025 (quinta-feira) SESSÃO FABRICANDO IMAGINAÇÕES DO FUTURO 15h30 – 16° Festival de Cinema de Triunfo Convida CineSesc – Mostra Infantojuvenil Menina Semente (Aventura, 10 min, 2023, Caruaru-PE, Livre), dirigido por Túlio Beat Sinopse: Numa cidade poluída e repleta de contrastes, brota uma semente singular: uma menina indígena do passado. Lá na frente (Drama, 10 min, 2024, Recife-PE, Livre), dirigido por Márcio Andrade Sinopse: Quando Pedro e sua mãe recebem a notícia de que Raula não vai mais chegar, ambos encontram seus meios de atravessar a perda. Queimando por dentro (Drama, 16 min, 2024, Recife-PE, Livre), dirigido por Enock Carvalho e Matheus Farias Sinopse: Nascido em uma família evangélica neopentecostal, Samuel cresceu no coração de uma religião que ganhou grande influência no Brasil nas últimas décadas. Enquanto começa a explorar sua sexualidade e abraçar sua identidade queer, seu mundo é abalado quando seu pai, de forma abrupta, o proíbe de dançar na igreja. Um ponto de virada em sua vida é iminente. Babalu é carne forte (Ficção, 18 min, 2025, Recife-PE, Livre), dirigido por Xulia Doxágui Sinopse: Diana retorna à comunidade onde cresceu durante a festa de São Cosme e Damião. Uma criança misteriosa a convida para brincar. Catarse (Drama, 4 min, 2025, São Paulo-SP, Livre), dirigido por Nicole Carvalho Fukushima e Théo Álan de Sá Bugelli Sinopse: Preso em uma rotina sem cor, Théo abandonou sua paixão pela arte, vivendo uma vida corporativa e solitária. Mas, ao se deparar com A Noite Estrelada, uma onda de sentimentos reprimidos transborda, rompendo as barreiras entre sonho e realidade. 20h | Mostra longa-metragem Nacional Jamary (Ficção, 94 min, 2025, Manaus-AM, Livre), dirigido por Begê Muniz Sinopse: Ane, uma influenciadora de 12 anos, passa as tardes brincando na vila Jamary, na região Amazônica. Desafiada por seus primos, ela entra na floresta e acaba encontrando o Anhangá, um “encantado espírito” indígena que luta pela preservação da floresta. 19/12/2025 (sexta-feira) SESSÃO: TODA TERRA GUARDARÁ NOSSAS VOZES 17h30 às 19h |Mostra de curtas, médias-metragens e filmes experimentais Mar de dentro (Documentário, 8 min, 2024, Recife-PE, Livre), dirigido por Lia Letícia Sinopse: A incansável insubmissão ao poder de Preto Sérgio e sua busca pela história do que não foi revelado, desamarrando os nós a partir dos bons ventos que o levam ao mar de fora e ao mar de dentro. Areias do céu (Documentário, 17 min, 2024, Santa Cruz do Capibaribe-PE, Livre), dirigido por Virgínia Guimarães Sinopse: “Areias do céu” é um documentário que mergulha nas comunidades serranas da Vila do Pará e Palestina, em Santa Cruz do Capibaribe, revelando as conexões entre esses dois lugares. As duas faces de Eva (Documentário, 19 min, 2025, Itacuruba-PE, Livre), dirigido por Coletivo Cinema no Interior Sinopse: Na aldeia indígena Tuxá Campos, na margem pernambucana do rio São Francisco, duas mulheres com o mesmo nome compartilham lembranças de um tempo que se perdeu nas águas da represa de Itaparica. Noé da Ciranda (Documentário, 12 min, 2024, Surubim-PE, Livre), dirigido por João Marcelo Sinopse: O filme celebra a vida e a obra de Mestre Noé da Ciranda, um ícone da cultura popular pernambucana. Agricultor, poeta e cirandeiro, Noé transforma o cotidiano em arte, improvisando versos entre os passantes de uma feira livre no interior. Através de causos vividos e memórias afetivas, sua música transcende o simples entretenimento, consolidando-o como um dos grandes nomes da arte popular do Nordeste. Uma jornada que une poesia e ritmo, revelando a ciranda em sua forma mais pura: dançante, comunitária e cheia de vida. Iluminação Especial 7.0 (Documentário, 19 min, 2025, Santa Cruz do Capibaribe-PE, Livre), dirigido por Mayara Bezerra Sinopse: Por meio de um olhar ensaístico em voz off e de depoimentos, o filme retrata o significado da emancipação de uma cidade movida a trabalho, e que é atravessada por uma identidade cultural intimamente ligada à economia da região. Essa narrativa sobre o trabalho e os trabalhadores é entrecortada pela tradução dos desejos desta classe através da arte, essa expressão simbólica que faz nascer e retomar identidades. Presente de Aniversário (Documentário, 15 min, 2025, Afogados da Ingazeira-PE, Livre), dirigido por Uilma Queiroz Sinopse: O cantador de viola e repentista Anízio Queiroz está perdendo a memória. Como um presente de aniversário, sua filha, então diretora de cinema, remonta, junto com ele e com a família, suas lembranças e sua poesia através deste filme. 20h | Mostra longa-metragem Nacional Gravidade (Ficção, 72 min, 2025, Recife-PE, 12 anos), dirigido por Leo Tabosa Sinopse: Durante uma tempestade solar que ameaça colapsar a gravidade da Terra, quatro mulheres confrontam mistérios enterrados numa mansão à beira do fim. Entre segredos, memórias e rancores, nasce uma nova chance de reordenar o mundo