quarta-feira, 19 de março de 2014


"A semana começa com a triste notícia da partida do cineasta e jornalista recifense Fernando Spencer. Eleito patrimônio vivo de Pernambuco em 2007, Spencer estava hospitalizado e veio a falecer na madrugada do dia 18, vítima de câncer.

Que o luto deste dia não nos impeça de lembrar sua trajetória de dedicação ao cinema pernambucano, expressa em obras como Memorando Ciclo do Recife (1982) e outros importantes documentários que guardam a memória da nossa produção audiovisual.

Que sua paixão pelo cinema siga inspirando as novas gerações e o trabalho de todos que lutam pelo fortalecimento da cultura pernambucana.”

Lançada Convocatória do 7º Festival de Cinema de Triunfo

Troféu Fernando Spencer é novidade da edição 2014. Serão R$ 50 mil em prêmios para diversas categorias.
Ricardo Moura
Descrição da imagem
Consolidado no circuito nacional e importante vitrine para as obras audiovisuais pernambucanas, o Festival de Cinema de Triunfo deste ano já tem data certa. Vai ocupar o Cineteatro Guarany entre os dias 4 e 9 de agosto.

Nesta terça-feira (18), a Secretaria de Cultura e a Fundarpe lançaram a Convocatória para a 7º edição do único festival nacional de cinema realizado em Pernambuco exclusivamente com recursos do Governo do Estado. Cineastas de todo o Brasil poderão se inscrever nas categorias longa-metragem nacional, curta-metragem nacional, curta-metragem pernambucano, curta-metragem infanto-juvenil e curta-metragem dos sertões.

Novidade desta edição, o Troféu Fernando Spencer para o melhor curta-metragem filmado em Pernambuco é "mais um reconhecimento à valorosa contribuição que este pioneiro do audiovisual deu à cultura pernambucana", comenta Marcelo Canuto, secretário de Cultura. O presidente da Fundarpe, Severino Pessoa, recorda que "o legado inquestionável de Spencer, que o fez ser eleito Patrimônio Vivo em 2007, será agora lembrado anualmente, a cada edição do Festival", destaca.

Para Carla Francine, coordenadora do evento, o eixo de formação também será fortalecido: “oficinas e debates sobre a produção audiovisual vão reunir produtores, cineclubistas e profissionais da área em momentos de reflexão, não apenas sobre o bom momento do nosso cinema, mas também para apontar caminhos que fortaleçam cada vez mais o setor em todo o estado”. 

terça-feira, 18 de março de 2014



A beleza da noite no Sertão, poderá ser percebida na Exposição Entremeios, de Gustavo Bettini e Lia Lubambo, que ocorre na Arte Plural Galeria - Inauguração: Nesta Terça-feira (18/3), às 19h (para convidados).

Visitação: De terça a sexta, das 13h às 19h; sábado, das 16h às 20h. Até 26/4. Gratuito.

Rua da Moeda, 140, Bairro do Recife. Fone: 3424-4431.


Mostra Nordeste de Artes Visuais em Campina Grande

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, lançará em Campina Grande a Mostra Nordeste de Artes Visuais, exposição itinerante de arte contemporânea que tem circulado os estados nordestinos com diversas obras de artistas plásticos da região. A exposição ficará aberta para visitações gratuitas entre os dias 11 de março, com vernissage às 19h, até 19 de maio, no Museu Assis Chateaubriand (MAC).

segunda-feira, 17 de março de 2014



Caravana de Cultura Popular

A Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) inicia caravana cultural com o grupo de teatro popular Boi D´Loucos, que passará por 17 praças e espaços públicos do Recife. A primeira apresentação aconteceu na sexta-feira (14/03), às 19h, na Praça da Várzea (Av. Afonso Olindense, Várzea). E no sábado (15/03), o grupo encenou, às 16h, no bairro Torrões, na Escola Arraial do Bom Jesus (Av. do Forte,1340). No domingo (16/03), serão duas apresentações, às 10h, no Largo da Paz, em Afogados; e às 16h, no Largo da Feira, em Santo Amaro.

As apresentações itinerantes são inspiradas no Movimento de Cultura Popular (MCP), que marcou a década de 60 com atividades educativas e culturais. Para celebrar a história do MCP, o grupo Boi D´Loucos criou o espetáculo "Movimento de Cultura Popular – o sonho não acabou”. A montagem une teatro e dança, com direção de Carlos Amorim e coreografia assinada por Simone Santos. A caravana faz parte do convênio do programa Mais Cultura, firmado entre a Fundarpe e o Ministério da Cultura (MinC), e tem o apoio da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR). 

domingo, 16 de março de 2014

   
                      Edvaldo Santana

Um veterano trovador dos palcos brasileiros. Surgiu na década de 70, com sua peculiar mistura de blues com música urbana. De lá pra cá, comeu muito pó da estrada. Filho de nordestinos, saiu da Zona Leste de São Paulo e se mudou para o interior. Não largou o blues, como demonstram as primeira faixas do seu novo CD, Jataí, mas incorpora influências violeiras inusitadas, que se juntam às sonoridades nortistas e latinas, decantadas pela voz inconfundível.Edvaldo soa mais sereno, mais musical, mais brasileiro nesse novo trabalho, mas não oferece apenas o mel da abelha que dá nome ao CD. O cara continua colocando doses certeiras de veneno em suas letras. Produzido pelo guitarrista Luiz Waack, o CD conta com participações muito especiais de gente como Fabiana Cozza, Daniel Szafran e o argentino Mintcho Garramone. 


Em Jataí o bardo paulistano expõe seus sentimentos de periferido, com a sapiência dos caboclos e a alma dos negros, fazendo suas alquimias com a música dos renegados, contribuindo no envolvimento estético entre o blues o samba o country o mambo o bolero o baião o rock o reggae a guarania o xote a toada, incorporando nas suas idéias as referencias artísticas de Adoniran Barbosa, Robert Johnson, Luiz Gonzaga, Tom Waits, Jackson do Pandeiro, Woody Guthrie, Cartola, Bob Marley, Jorge Benjor, Buena Vista, Dorival Caymmi, Tibaji, Miltinho e Gilberto Gil.

Jataí tem momentos de banjo, gaita, violão e voz grave, como tem levadas inventivas de congas, bateria, baixo, guitarra e sanfona, é variado, mas se mantém íntegro, inteiro em seu conceito musical.

Nas letras os temas também são diversos, vão desde “A Poda da Rosa”, escrita para um jardineiro que evitou o ferimento de crianças na saída da aula escolar, como em “Quando Deus quer até o diabo ajuda”, onde Edvaldo reforça sua condição otimista diante da vida que leva. Na linguagem das palavras há invenções singulares onde as tonalidades e rimas do universo cordelesco se encontram fragmentadas na gíria da periferia urbana, que em contato com elementos da cultura negra e indígena, proporcionam a liberdade dos movimentos fonéticos.

Os músicos Reinaldo Chulapa-Baixo, Ricardo Garcia-percussão e Luiz Waack-guitarra, juntamente com o violão de Edvaldo formaram a base musical do álbum e foram incumbidos de produzir espaços para a letra e servir de cama harmônica e rítmica para os músicos convidados, criando arranjos com atmosferas sonoras determinantes no conceito semi-acústico do cd.

Vários convidados dão brilho especial a Jataí- de Buenos Aires baixou Mintcho Garramone músico argentino que gravou a sua participação na terra de Astor Piazzola. Também tem os paulistanos da vanguarda Paulo Lepetit no baixo e Marco da Costa na bateria que tocaram em “Nada no mundo é igual” e em “Sem Cobiça”, Kuki Stolarski doou sua batida preciosa . Edvaldo Santana homenageia Waldir Aguiar amigo e produtor em “Aí Joe”, canção onde brilha o piano acústico de Daniel Szafran. Canta seus ancestrais em “Eva Maria dos Anjos” um samba- morna-ijexá com as participações especiais de Fabiana Cozza na voz e Simone Julian na flauta. A sanfona jazzística de Antonio Bombarda está presente em “Jataí”, xote-reggae que dá título ao álbum e em “Há muitas luas” a gaita do curitibano Bené Chiréia aproxima o baião do rock e do blues. Ainda no campo das participações vale destacar o piano elétrico suingado de Adriano Magôo em “Amor é de Graça”.

A capa é uma criação de Elifas Andreato sobre a Jataí espécie de abelha sem ferrão, que possui no mel que produz, além do sabor especial, varias propriedades medicinais de cura.


sábado, 15 de março de 2014


              Caboclinhos na Bahia




Os participantes executam um bailado primário, ritmado, ao som de pancadas de flechas nos arcos, fingindo ataque e defesa, numa série de saltos e simples troca-pés.

Não há enredo nem fio temático no bailado, cuja significação visível é a apresentação das danças indígenas aos europeus, nos dias de festa militar ou religiosa. É uma reminiscência do antigo desfile indígena, com andança, os instrumentos de sopro e o ruído dos arcos e flechas. Eles simulam um combate entre tribos inimigas.

Os nomes dos figurantes variam, em torno de: cacique, caboclo velho, pantaleão, mestre e contramestre.
São grupos de homens e mulheres, com cocares de penas de ema, pavão e avestruz. São caboclos que evoluem nas ruas em duas filas, ao som dos estalidos secos das preacas - um objeto que reproduz o arco e a flecha e que emite um estalido quando percutido.

A manifestação dos caboclinhos é uma representação do povo indígena e é, também, um dos mais antigos bailados populares do Brasil. Os caboclinhos preservam passos e danças nativas que se somaram às influências européias e negras.

Os personagens dos caboclinhos são o cacique e sua mulher, o capitão e o tenente, o guia e o contra-guia, a mãe-da-tribo, os perós (indiozinhos), o porta-estandarte, os cablocos, os caçadores e o pajé. A orquestra é formada pela inúbia (gaita de taquara), os caracaxás, o tarol e o surdo, além das dezenas de preacas que estalam num ritmo frenético.
Onde assistir: Itaparica - dia 7 de janeiro, festa da Independência de Itaparica;Camamu – 2 de julho;Nazaré – 2 de julho;Itacaré – 2 de julho Mucuri – 19 de março, festa de São Joao

sexta-feira, 14 de março de 2014

quinta-feira, 13 de março de 2014



Cangaceiro  Zabelê

O velho cangaceiro ainda  lembrava: Naquele tempo, só Deus não se ajeitava.

*Texto de Claudio Bojunga para o jornal “O ESTADO DE SÃO PAULO” – 31/07/73

Um velho entrevado, torto, de 73 anos, tossindo, mal vestido, deve estar muito doente. Só os olhos são ágeis como os olhos de um menino: correm em torno da mesa, encara rapidamente as pessoas para depois se fixar na janela à esquerda, na porta aberta à direita; os olhos de Zabelê, mais de 40 anos depois, conservam a vigilância dos tempos do cangaço. E como se, a qualquer momento, um macaco fosse pular à sua frente ou às suas costas para enchê-lo de bala.

Zabelê, ou Isaias Vieira, um homem totalmente apavorado. É um exemplo dos cangaceiros que, depois da luta, ficaram por aqui mesmo, no Nordeste. Há muitos em todo o sertão, de Alagoas ao Ceará, todos escondidos sob nomes falsos. E eles sabem que não temem fantasmas. A vingança, no sertão, é elaborada com paciência chinesa. É possível, perfeitamente possível que, a qualquer momento, amanhã talvez, um outro velho entrevado descarregue seu revólver sobre o velho Zabelê. Afinal, Zabelê nem sabe quantos matou em um ano de cangaço. Era coiteiro de Lampião desde 1923, na região do Pajeú, até que o coito se tornou evidente demais, e perigoso. Olhando de um lado para outro enquanto fala, o velho conta:
- Lampião: tá descoberto que eu compro coisinha procê. Tô enroscado. Se não sentá praça vou acabar entre as pernas do tenente.
Lampião pensou um pouco. Não era qualquer coiteiro que podia “sentar praça” no cangaço. Zabelê insistiu:
- Tô desmantelado. Sou pai de família, tó desmantelado.
-Desmantelado você já nasceu.
E dito isso, Lampião aceitava um novo “soldado”. Porque era preciso estar mesmo muito “desmantelado” na vida para topar a parada. Zabelê tinha mulher, quatro filhos e muito azar.
Começou a brigar em 1926 e um ano depois estava preso. Participou de um combate importante, o de Serra Grande, naquele mesmo sertão. Como todo ex-cangaceiro, diz que, naquela batalha, morreram uns 30 macacos. Cangaceiro, nenhum. O mesmo truque usado pelos policiais da época. Vários dizem que em Serra Grande morreram um ou dois soldados. O coronel Higino José Belarmino, famoso entre outras coisas por não mentir, nem que a verdade possa “prejudicar” a imagem da Volante, diz que morreram dez soldados em Serra Grande. Cangaceiros, ele não sabe, ninguém sabe.
Isaias Vieira, o primeiro  “Zabelê”  cumpriu longa pena na penitenciária do Recife. Esta foto é de 29 de dezembro de 1928, quando ainda se encontrava preso.
Foto do Acervo Lampião Aceso, não compõe a matéria original.

Os cangaceiros sempre carregavam os seus mortos e feridos e os eternizavam, batizando um cabra novo com o nome do preso ou do morto: assim, este que apavorado conversa com a gente, é o primeiro Zabelê de uma série. Um toque de misticismo, nem tanto para confundir a polícia, mas o povo. O cangaceiro não morre. Zabelê está preso? Como, olha ele aqui.
Apesar do pavor, Zabelê I ainda ousa revelar, com seu raciocínio lógico de sertanejo, que tudo não se resume a troca de tiros entre grupos ou requintes de crueldade. Até Zabelê, personagem de mínima importância dentro daquela fase da História do Brasil, sabe o que significa corrupção.
-Todo mundo ajeitava. O senhor pode ser naquela época o presidente da nação, ajeitava também. Naquela época só quem não ajeitava era Deus que não aparecia.
Ele quer dizer que grande parte das armas do cangaço foi vendida pela própria polícia que importantes políticos da época, hoje venerandos e com estátua (algumas equestres) no meio das praças, estiveram envolvidos gravemente, pairando sua honra sobre os tiroteios que eles próprios manipulavam.
Zabelê: apavorado, velho, doente, pobre e atualizadíssimo.
*Créditos para Antônio Corrêa Sobrinho/Lampiao  Aceso

quarta-feira, 12 de março de 2014





Muito forró, côco, reisado, cabaçal, baião, xote, xaxado, galope, marchinhas, maracatu, ciranda e cantoria!! É essa diversidade que a Terreirada toca na sexta-feira dia 14 de março na Estudantina!
Convidamos a todos para celebrar conosco!

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS DOS AMIGOS MÚSICOS MARAVILHOSOS!
* Participações especiais da atriz e cantora Clara J Santhana e do gaitistaJefferson Goncalves!


- No salão nobre da Estudantina (2º andar). Realizaçao! FORRÓ DA LAPA. Fazendo essa parceria com a TERREIRADA CEARENSE! Aí num podia dar outra coisa, né?! Diversidade, qualidade, amizade, alegria, carinho... é muito amor!

O repertório reúne músicas autorais (dos componentes do grupo), releituras de grandes clássicos da música brasileira e do forró de raiz! A noite conta ainda com o set do Dj Egil (Forró da Lapa, Jazz na Pedra do sal)

TERREIRADA CEARENSE - Muito mais que um forró
Geraldo Junior - Voz, flauta e percussão
Rodrigo Bis - Rabeca e voz
Gabriel Pontes - Sax, flauta, percussão e voz
Cláudio Lima - Bateria e voz
Felipe Rodrigues - Violão 7 cordas
Igor Pereira - Percussão e voz
_______________________________________________________

:: QUANTO?

R$18,00 - inteira
R$12,00 - lista amiga, até 1h30 (coloque os nomes aqui embaixo nos comentários desta página até as 18:00hs do dia do evento).


::QUANDO??

Sexta- Feira, 14 de março de 2014!
Começa às 22:00 e só termina às 4:00!


::: ONDE MESMO???

Centro Cultural Estudantina Musical
Praça Tiradentes, 79, Centro, Rio de Janeiro- RJ


::: ANIVERSARIANTE DO DIA É NOSSO CONVIDADO VIP!


::: APOIO ESPECIAL DA CACHAÇA ARTESANAL MIGUEL PEREIRA!:::
Os primeiros e primeiras a entrar no evento ganharão uma degustação gratuita da Cachaça Artesanal Miguel Pereira! Cheguem cedo e aproveitem!


A CASA ACEITA CARTÕES DE DÉBITO!!!

- Lotação do salão 1000 pessoas dançando.

* Não recomendado a menores de 18 anos *

PRODUÇÃO: Forró da Rua da Lapa Forro da Lapa e 
Terreirada Cearense

terça-feira, 11 de março de 2014



                                                         Dona Maria do Carmo 



Mestra na medicina popular,Maria do Carmo dos Reis Felicio,nasceu em 18 de julho de 1928,na cidade de Alto Santo,municipio encravado no Vale do Jaguaribe,no estado do Ceara. Aos 85 anos de idade D. Maria do Carmo é conhecida na região por fazer lambedor. O remédio caseiro é feito com a colaboração de sua irmã, D. Francisca. Usam diversos tipos de plantas cultivadas no quintal da casa onde residem. Todos os dias, bem cedo, as irmãs colhem as plantas e raízes especiais para o preparo do lambedor  curativo para diversas doenças.

segunda-feira, 10 de março de 2014




                             Mestre Manoel Graciano

Manoel Graciano Cardoso, o mestre Manoel Graciano, é um dos mais prestigiados escultores vivos do Estado do Ceará. Ele nasceu no dia 27 de julho de 1927 em Santana do Cariri-CE, mas foi criado em Juazeiro do Norte, onde vive até hoje. Autodidata, ele começou a trabalhar com madeira ainda na infância. Desde muito cedo aprendeu a lidar com ferramentas e materiais de fabricação de brinquedos e outros objetos de uso diário, como pilões e gamelas.
O mestre Manoel Graciano é casado e tem três filhos, dentre eles Cícero e Francisco Graciano atualmente seguem os passos do pai. O Mestre era agricultor; influenciado pelo xilógrafo e cordelista Abraão Batista mudou da roça para a escultura.

No quintal de uma casa simples em Juazeiro do Norte, o mestre Manoel Graciano com sensibilidade e simplicidade esculpe animais e figuras humanas em troncos de madeira que ganham ares surrealistas.
As esculturas do mestre Graciano são feitas em imburana de cambão ou em aroeira e são caracterizadas por apresentar uma mistura de referências locais com o imaginário idealizado por ele. Para pintura de suas peças, o mestre prepara 
Manoel Graciano participou de inúmeras exposições pelo Brasil e no exterior, dentre elas a exposição Brésil, Art Popularies (Paris, França) e a Mostra do Redescobrimento (São Paulo, SP). Suas obras compõem importantes coleções públicas e particulares. Dentre os museus que possuem em seu acervo obras do mestre Manoel Graciano temos o Museu de Arte Popular Edison Carneiro (Rio de Janeiro, RJ) e o Centro Cultural de São Francisco (João Pessoa, PB).
 tintas em anilina misturada com breu e álcool.
Contato com Manoel Graciano:
Rua Cel. Antonio Fernandes, 327-A, Bairro Pirajá
63030-140, Juazeiro do Norte-CE
Tel: (88) 3571-2114

domingo, 9 de março de 2014


                       
         DIDI  PARACATU

Toda biografia, deve ser incompleta pra ser boa, pois ao escreve-la a vida segue caminho a trote, fazendo-se impossível prender-se o tempo na gaiola do tudo dizer. Vida não fica mansa, dócil, quietinha.

Resumindo, quero que nasci prosador, imaginador de mundos, queredor de coisas que a correria dos dias faz deixarem esquecidas no canto das lembranças.

Me dá certeza de ter que contar nos modos de um cantador, das entranhas e raízes do meu lugar, Paracatu, seu cerrado, seus agrestes e bichos matreiros, das chuvas que vão ficando alheias, da pobreza rica do matuto, seus termos, mil histórias e outras tantas estórias.

Nasci Adailton Silva,em no dia 6 de maio de 1955, em Paracatu,Minas Gerais, infância no bairro Santana, que tomo de empréstimo a muitas canções. Bairro de negros, um quase quilombo, com muita beleza e que só se deixa ler a quem for de lá ,ou se achegar bem pertinho, pra um café de coador. Viver no Santana era viver no berço dos sorrisos amigos, das mil alegrias que eram capazes de engolir tristezas, que teimassem em por a cara de fora, nas gretas das meias folhas das janelas de lá

Filho de criação de Sr. Honório e dona Lúcia, amado mais, por não ter sido e querido sempre da parentela outra, doadora das vertentes musicais, por certo, e feliz, de toda banda!

Nos primeiros lampejos musicais, lembro-me de Fofó, gravado nas lembranças da infância, executando comigo ao colo, com maestria impecável, choros de Pixinquinha, Valdir Azevedo, Jacó do Bandolim, Luiz Americano e outros, que mais tarde, adulto, ao ouvi-los, não me foram estranhos ao registro da memória.

Coisa de não se esquecer, foi o meu pai Honório, executando em um violão com cordas de aço - não existiam as de nylon - assentado no "rabo" do fogão a lenha, com seus sabidos poucos acordes, mas firmes e harmoniosos, e minha mãe, bem perto a ele, entoando canções em duo de terças - hoje sei -, de canções de Cascatinha e Inhana, coisas que nem querendo, se furtam do recordar.

Depois, os belos hinos dos corais, quartetos, orgãos e solistas na Igreja Presbiteriana, me apresentando a Bach, Handel, Felix Mendelsohn, Beethoven, onde adolescente, as lágrimas me vieram ao ouvir o "Largo" da Ópera "Xerxes" de Handel, pelo tenor Otávio Pinheiro e em outros momentos, os solos do baixo profundo de Lucas Silva, meu irmão, com d.Ester Tillmam ao órgão, momentos que me elevaram ao céu, de onde não quis mais sair, mesmo aqui. Mais tarde, lá toquei violão, dirigi corais, formei quartetos e outros grupos, tudo com uma alegria que só Deus e a música proporcionam.

O mundo se abria, mesmo no limitado universo provinciano. Vieram o ver e o ouvir, a banda Euterpe e Lira Paracatuense, com seus magistrais dobrados, e os desfiles de 7 de setembro, onde os alunos do Colégio Estadual daqui, passaram, ao ritmo da fanfarra, assobiando o tema do filme "A ponte do rio Kwai", um deslumbre que foi desenhando as ricas nuanções de uma musicalidade iniciante. Os LPs, trazidos de Brasilia-DF por Davi Barbosa, que inovavam os gostos musicais e nos apresentavam a Baden Powell, Chico Buarque, Milton Nascimento, Edu Lobo, Tom Jobim e tantos outros.

As sanfonas toscas nas danças de quadrilhas no Santana, as rodas de música com Mazin e João César, a guitarra gestual de Tassim, os improvisos de Picolé, um músico andarilho que por aqui passou, sem contar os tantos Festivais da Canção, ricos celeiros por onde desfilavam os melhores representantes de nossa música brasileira de então, e que incentivaram o unir do violão solista, pelo qual sempre primei, às letras que descobri compor.

Depois, pelas conspirações maravilhosas do destino sabido por Deus, de férias em Belo Horizonte-MG, visitando a loja de instrumentos "Musical Strambi" tive o privilégio de ter sido adotado, mais uma vez, musicalmente, pelo grande maestro, arranjador e violonista Nelson Piló, de quem guardo um chorinho inédito até hoje, dedicado a mim, com quem, numa maratona de necessidade, aprendi ler música em uma semana, tempo que dispunha antes de retornar a Paracatu, ao fim das férias, o que fiz, mas já com um pacote de partituras musicais, generosamente doadas e escolhidas por ele, com o compromisso de retornar no outro ano, -o que foi cumprido-, com todas "na ponta dos dedos".

Nesse esticar das cordas do violão, dei de avançar nos estudos e ingressei na primeira turma da recém inaugurada e primeira cadeira de violão clássico no Brasil, na UFMG, criada pelo professor José Lucena Vaz, e aí, vieram ao acervo das lidas musicais, Villa Lobos, novamente J.S.Bach, Leo Brower, Abel Carlevaro, Guerra Peixe, as Masterclass de violão com Amilcar Inda, Noé Lourenço, as maravilhosas aulas de composição com Mário Ficarelli, as bisbilhotagens no coral Ars Nova, com o maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, profundo na arte coral e generoso com quem queria aprender. Os cursos de férias na Fundação Musical, canto com Eladio Peres e tantos!

De quebra, os saraus musicais na casa da Tia Nilda, onde desfilavam, toda noite, na voz de todos e em especial de "G"e Helena esta, belíssima mezo-soprano, samba, bossa, chorinho e canções, ali, num terreiro de piçarra, vizinho ao Morro do Chapéu, que recebia minhas visitas para tocar Garoto, Baden Powell, Dilermando Reis, Armando Neves e outros e ouvir incontáveis choros nos dedos professores do negro Trisquê ao violão com outros cobras, tais como Luiz, irmão e Helena e o Sr. Balbino, perito no repertório de Luiz Bonfá.

Dessas lembranças tantas e andanças outras, resto eu, minhas cantorias, meu violão, sem alarde, no querer de aprendedor. Um disco, que é pertinente a esta biografia,"Quintal das memórias" primeiro trabalho gravado no Zen Estúdio, em Brasilia DF, produzido por Tarzan Leão, um Hino a Paracatu e ao Santana Esporte Clube, e novos trabalhos que serão lançados brevemente, permitindo Deus. 
Ocupo com muita honra a Cadeira 29 da Academia de Letras do Noroeste de Minas, que por tramas do existir, tem como patrono o magistral inventor do Sertão: Guimarães Rosa.

Me alegra, citado em generosos escritores nossos tais como, Oliveira Melo, Zeca Ulhoa, Tarzan Leão e outros, que ao fazê-lo, expõem mais que a mim e sim, o lustro de minha terra e minha gente, assinalando aos contemporãneos, e tecendo cada um, com suas agulhas de escrever, memórias de se guardar na tulha.

Assim, como biografia para ser boa deve ser incompleta, sinal de que se vive e inda se quer fazer,

Fico,

Didi

sábado, 8 de março de 2014




Se viva fosse ,hoje Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita,completaria 103 anos de idade, companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião e a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.
Maria Bonita nasceu e cresceu no povoado Malhada da Caiçara, que se localiza no município Paulo Afonso, na época município Gloria, no Sertao da Bahia.
Depois de um casamento fracassado, no qual não gerou filhos, em 1929 tornou-se a namorada de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido também como o "Rei do Cangaço".
Morando na chácara dos pais, um ano depois do namoro foi chamada por Lampião para fazer efetivamente parte do bando de cangaceiros, assim se tornando a mulher dele, com quem viveria por oito anos.
Supõem-se que Maria Bonita engravidou quatro vezes e que em duas gravidezes perdeu os filhos, sendo eles natimortos. Comprovadamente ela teve uma filha com Lampião de nome Expedita Ferreira Nunes , a única reconhecida legalmente, que foi criada por um casal de amigos vaqueiros. Existem porém dúvidas sobre o parentesco dos supostos gêmeos Arlindo e Ananias Gomes de Oliveira. Ambos até então considerados filhos de Maria Bonita e Lampião.
Maria Bonita morreu em  28 de julhode 1938, quando o bando acampado na Grota de Angicos, em Poço Redondo (Sergipe), foi atacado de surpresa pela polícia armada oficial (conhecida como "volante"). Foi degolada ainda viva, assim como Lampião, porém este já morto, e outros nove cangaceiros.
Em 2006 a Prefeitura de Paulo Afonso restaurou a casa de infância de Maria Bonita, instalando o Museu Casa de Maria Bonita no local.